Cláudio Valério Teixeira tinha 72 anos
Cláudio Valério Teixeira tinha 72 anosImagem Arquivo
Por O Dia
Niterói - O professor, pintor e crítico de arte Claudio Valério Teixeira, que faleceu aos 72 anos, na madrugada de hoje (27/4), na emergência do CHN. Recentemente, enfrentou uma longa internação hospitalar e se curou da Covid-19.Mas os médicos descobriram um câncer de pulmão, que estava tratando. Notícia foi dada no site do jornalista Gilson Monteiro.
Faz parte do time de primeira que com seu talento engrandece, valoriza e divulga Niterói no Brasil e no exterior. Internado para tratar a Covid, ele observou a correria e o esforço de médicos e enfermeiros do CHN para salvar pacientes. Quando voltou a seu ateliê, retratou tudo em suas telas, como fez com a série “Da minha janela – Aquarelas da Quarentena”. Esta série é composta por 64 obras, incluindo o autorretrato de Claudio Valério com máscara (foto).

Filho do grande mestre da pintura, Oswaldo Teixeira, Valério pensava em ser violonista clássico. Mas aos 17 anos, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes e encontrou sua verdadeira vocação artística.

Foi professor de Belas Artes da UFRJ, depois de uma luta de onze anos na Justiça Federal para garantir sua posse na cadeira de Arte e Restauro. Aos 59 anos, ele passou em primeiro lugar no concurso da UFRJ, mas foi preterido injustamente pela candidata que tirou em segundo lugar. O reitor da época alegou que o título de notório saber apresentado por Valério serviria somente para o cargo de professor titular, e não adjunto, numa absurda inversão de valores.

Cláudio Valério TeixeiraClaudio Valério não desistiu do sonho de ser professor da universidade onde havia se formado. A demanda foi até o Supremo Tribunal Federal, onde o ministro Alexandre de Moraes fez justiça, sacramentando o direito líquido e certo dele assumir o cargo concursado.

Vários prédios tombados foram restaurados sob coordenação de Claudio Valério, dentre eles o Teatro Municipal João Caetano, o Solar do Jambeiro, o Palácio Arariboia, a Igreja de São Lourenço, a Capela de São Pedro (no Maruí). Todos esses bens fazem parte do acervo arquitetônico e histórico de Niterói.

Seu ateliê no bairro de São Francisco, em Niterói, era procurado por colecionadores de quadros, grandes marchands e donos de galerias de arte para que confirmasse a autenticidade de pinturas. No início dos anos 80, um escritor endividado procurou Claudio Valério para que ele salvasse o único bem que lhe restava: um quadro de José Pancetti. Restaurada, a obra poderia lhe render uma boa quantia. Quando o restaurador iniciou o trabalho, descobriu, por trás daquela tela, uma outra colada. O escritor pode vender os dois quadros e refazer sua vida.

Outro caso: Ronaldo César Coelho comprou em um leilão em Paris um quadro de Guinard, por 761 mil dólares. Em vez de escolher um restaurador na Europa, Ronaldo escolheu Claudio Valério para realizar a delicada tarefa em seu ateliê.


Foi Secretário de Cultura de Niterói. Com uma equipe de 18 pessoas, recuperou 18 painéis que compõem o majestoso painel “Guerra e Paz”, obra de Cândido Portinari exposta na ONU, em Nova York.

Era casado com Tânia, também restauradora e deixa os filhos Vitor e Pedro que seguiram a carreira dos pais, e Rafael, músico. A mulher, os dois filhos e a equipe especializada vão dar continuidade à empresa e ao trabalho do grande mestre da restauração.