O Salão Amarelo do Solar do Jambeiro, em São Domingos, na Zona Sul de Niterói, vai receber nesta quarta-feira, (13/7), às 18h, o evento Cine Reflexão, com o longa-metragem “Espero tua (Re)Volta”, de Eliza Capai. A programação é uma parceria entre Niterói Filmes, NuCine, Solar do Jambeiro e tem entrada gratuita. No final da sessão haverá um debate. A realização pela Secretaria Municipal das Culturas (SMC) e a Fundação de Arte de Niterói (FAN).
Na sinopse do filme, quando a crise se aprofundou no Brasil, os estudantes saíram às ruas e ocuparam escolas protestando por um ensino público de qualidade e uma cidade mais inclusiva. A película mostra a evolução das lutas estudantis desde as marchas de 2013 até a vitória do presidente Jair Bolsonaro, em 2018. No elenco, os atores Marcela Jesus, Lucas Penteado e Nayara Souza. O longa foi visto no 69º Festival Internacional de Cinema de Berlim, em fevereiro de 2019.
Uma boa parcela da pungência de Espero Tua (Re)Volta advém da preocupação da cineasta Eliza Capai com a manutenção de uma perspectiva jovem, especialmente quanto a certos movimentos de cunho secundarista que visaram manter os direitos de milhares de estudantes do ensino público.
Lucas “Koka” Penteado, Marcela Jesus e Nayara Souza não são apenas os narradores e/ou os protagonistas do documentário, uma vez que os três agem ativamente na construção de seu percurso incendiário rumo à conscientização de uma realidade social medida por políticas excludentes e elitistas.
Um exemplo desse respeito à visão daqueles que estiveram na linha de frente de diversos levantes importantes, midiatizados de acordo com sua repercussão gradativa, é a possibilidade de contradição, de debate, tida como condição sine qua non à abrangência almejada. Os personagens lutam por um ideal bastante parecido, mas partem de lugares diferentes, pertencem a grupos distintos e isso é preservado no filme.
Uma cena carrega toda a força dos movimentos estudantis, do abuso de força dos policiais, do preconceito e da normalização da violência. Enquanto dois amigos compartilham impressões diante da câmera, um terceiro é revistado por um policial ao fundo. Não havia qualquer motivo para o garoto ser parado, mas sua condição periférica o torna automaticamente suspeito aos olhos das autoridades.
Os dois amigos percebem a revista, não se surpreendem por estarem acostumados a situações semelhantes e retomam a conversa enquanto o outro não vem. Este trecho tragicômico, sem narração, traduz em poucos minutos muito do que o projeto busca transmitir.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.