O passageiro vai ficar mais tempo no ponto esperando pelos ônibus. Divulgação

A situação das empresas de ônibus está caminhando para um ponto crítico, que não afasta, inclusive, a possibilidade de greve em algumas companhias, que não cumprem as questões trabalhistas, alerta o Sindicado dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), em relação a diminuição no número de viagens dos ônibus.
Na última segunda o Consórcio Transoceânico iniciou o aumento do intervalo entre os carros e a Transnit limitou os horários das linhas: 28, 66, 24 e 26 das 6h às 10h e das 10h às 16h às 20h, apesar da Prefeitura de Niterói não ter autorizado a medida com a promessa de fiscalização. Já o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj) disse que as empresas estão fazendo todos os esforços para manter a operação das linhas.
Na semana passada, O Dia ouviu o presidente do Sindicato, Rubens dos Santos Oliveira, sobre essa questão toda e ele disse que a Ingá, por exemplo, ficou três anos sem conceder férias para os rodoviários e, agora, voltou a atrasar o pagamento, não está depositando o FGTS e pagando o INSS.
"A receita não cobre os custos operacionais. Mês passado, inclusive, a Ingá vendeu 40 ônibus de sua frota para pagar dívida com bancos, caso contrário perderia todos os veículos adquiridos antes da pandemia por leasing. A Barreto e a Brasília estão na mesma situação decadente, com ônibus velhos, pois não têm capital para renovar a frota, e problemas no cumprimento do Acordo Coletivo feito com a categoria.
Nós temos um quadro realmente caótico no sistema de transporte público. A arrecadação das empresas despencou – a Ingá, por exemplo, está operando apenas 60% da frota –, as prefeituras não repassam a gratuidade (em Niterói o atraso é de oito meses) e os custos operacionais aumentam a cada dia. É só fazer o cálculo para ver onde isso vai dar,", explicou Rubens.
O presidente do sindicato disse que solicitou à Prefeitura que intervenha nessa situação, pois ela é o poder concedente e tem a obrigação de evitar o colapso do sistema. "Nós defendemos o subsídio das passagens, única fonte de arrecadação das empresas, mas outros sistemas podem ser debatidos. O mundo inteiro está abandonando esse modelo falido de transporte, só aqui que insistem nele. Parece proposital. Mas, no final, quem sofre é a população e os rodoviários, que vivem uma situação de instabilidade trabalhista e têm seus direitos constantemente violados", realçou o líder sindical.
O Setrerj informou que, mesmo com o agravamento da crise com os sucessivos reajustes do óleo diesel e a defasagem tarifária de mais de 60%, as empresas estão fazendo todos os esforços para manter a operação das linhas conforme a determinação da Prefeitura. "Cabe ressaltar que os consórcios operadores ainda aguardam a adoção de medidas urgentes e efetivas do poder público para reequilibrar e recuperar o sistema municipal, como tem ocorrido em outras cidades com ações emergenciais ou concessão de subsídios, para possibilitar o melhor atendimento aos passageiros", disse a entidade no texto.