Fiscais da Prefeitura de Niterói acompanharam a retomada da operação normal após o fim das férias escolares e também a operação durante a madrugada.Divulgação
“Os rodoviários adiaram as negociações por uma recomposição salarial justa durante a pandemia, que fez a arrecadação das empresas despencar. Nesse período, mais de 3 mil trabalhadores foram demitidos. Em seguida, veio a inflação e a elevação de gastos do setor, principalmente com o óleo diesel. O que vemos para novembro são negociações salariais extremamente difíceis e os trabalhadores não querem mais pagar uma conta, que não foi criada por eles. O poder público precisa intervir, pois uma greve geral não está distante da realidade. Além da reposição das perdas, a categoria quer também um ganho real de salário. Os rodoviários precisam ser ouvidos sobre qualquer mudança no setor”, avalia o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira.
“O objetivo é baixar os custos do transporte para a população, melhorar a qualidade do serviço e garantir os direitos trabalhistas dos rodoviários. Se essa equação não for resolvida, nenhum sistema funcionará plenamente”, afirma Rubens Oliveira.
A entidade diz que, apesar do avanço, acredita que há ainda um caminho a ser percorrido até que se estabeleçam as condições necessárias, de acordo com o contrato firmado entre os consórcios e o governo municipal, para a operação integral das linhas e o pleno atendimento à população de Niterói.
"Desta forma, é imprescindível a conclusão o quanto antes do estudo de equilíbrio econômico-financeiro já anunciado pela Prefeitura, que vai estabelecer a tarifa técnica do sistema de transporte, de forma que compatibilize as receitas e os custos do setor. Somente o óleo diesel sofreu reajuste de 188% desde 2019. Por isso, é importante esclarecer que o reajuste da tarifa, que permaneceu congelada por 36 meses, não tem, claramente, efeito imediato. Não é razoável imaginar que as perdas acumuladas durante 36 meses serão superadas em apenas uma semana com o novo valor em vigor", afirmou o Setrerj no texto.
O sindicato disse que mesmo diante de um cenário adverso, as empresas estão fazendo todos os esforços para a retomada do sistema conforme a determinação da Prefeitura."É preciso levar em conta ainda que o impacto do congelamento da tarifa atingiu, em níveis distintos, a saúde financeira das empresas. Os operadores que integram o Consórcio Transit perderam 40% dos passageiros com o agravamento da crise econômica e as consequências da pandemia de Covid-19, enquanto que no Consórcio Transoceânico a redução foi de 20%. Assim, a situação é mais crítica para as empresas nas regiões em que a população sofreu mais com o desemprego e com a diminuição da renda", ressaltou o sindicato.
"Vale lembrar ainda que, somente em julho deste ano, as empresas conseguiram cumprir o acordo firmado há um ano com os rodoviários relativo ao dissídio da categoria em 2021. Neste mês, foi paga a segunda parcela do reajuste concedido de 6%. Agora, empresas e trabalhadores voltam a discutir a solicitação de novo reajuste relativo a 2022. Assim, o Setrerj reafirma sua confiança na Prefeitura na busca de soluções para recuperar o transporte coletivo, como tem acontecido em outras cidades do país, que optaram por estabelecer uma tarifa pública para o passageiro e promover o complemento por meio da concessão de subsídios, como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília", concluiu o Setrerj na nota.
9) No estado do Rio, cidades com menor poder econômico do que Niterói já aderiram ou anunciaram o subsídio como forma de financiar o transporte, como Vassouras, Mendes, Macaé, Saquarema e São Pedro da Aldeia.
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