A mostra se articula a partir da postura afetiva que a artista dedicava às suas paisagens.Divulgação - Foto: Fernando Costa

O Museu Janete Costa de Arte Popular recebe a exposição “A paisagem encantada de Lia Mittarakis”, com curadoria de Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto, que reúne 42 obras da artista Lia Mittarakis. A mostra abre ao público no dia 11 de agosto e se articula a partir da postura afetiva que Lia dedicava às suas paisagens e que representavam de maneira lúdica tanto a vida agitada da cidade do Rio de Janeiro como o bucolismo da Ilha de Paquetá, onde morou grande parte de sua vida.
Entre os trabalhos expostos estão paisagens cariocas, cenas rurais e flagrantes da vida cotidiana dos moradores dessa romântica ilha, sempre destacando a fauna e flora, por meio de uma pintura minuciosa de cores vibrantes.

A partir da obra de Lia, em consonância com a proposta do próprio Museu Janete Costa, a curadoria destaca ainda a importância de novas reflexões sobre a produção popular artística brasileira, sublevando preconceitos e classificações e encarando-a como o reflexo de nossa pluralidade criativa.
“É preciso resgatarmos o popular como um adjetivo e não mais como uma classificação que restrinja ou iguale toda a nossa diversidade cultural a partir de um prisma socioeconômico. Esse adjetivo ‘popular’ pode sim ser encarado como uma identificação, por que não, mas que reafirme que ser popular, no Brasil, é ser representante de uma maioria da população que cria e vive como um ato de resistência. Ser popular é a multiplicidade de manifestações do que temos de melhor no Brasil: o nosso povo. E Lia Mittarakis, entre tantos outros, nos mostra esse caminho”, afirma Rafael Peixoto, curador da mostra.

Sobre a artista - Lia Mittarakis (1934-1998) nasceu no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, descendente de imigrantes gregos. Após sua primeira exposição, em 1964, manteve uma produção ativa por mais de 30 anos, dedicando-se exclusivamente à pintura como autodidata. Apesar de ter participado de diversas exposições no Brasil, foi no exterior que Lia alcançou maior sucesso, tendo uma de suas como capa de Revista Times de NY, em 1992, por ocasião da ECO – 92.
Ao longo de sua trajetória, manteve-se fiel a uma pintura figurativa com predominância na representação de paisagens, sempre pautadas por uma relação afetiva e solar. Através das cenas do cotidiano carioca e da Ilha de Paquetá, Lia deixou gravado na memória alguns hábitos e costumes que já não fazem mais parte da rotina dessas comunidades, se configurando como um documento histórico que servirá como fonte de pesquisa para de visões não oficializadas da história.

O Museu Janete Costa de Arte Popular fica localizado na Rua Presidente Domiciano, 178, Ingá, Niterói.