Luiz de Albuquerque apresenta sua mais recente obra aos 93 anos de idade.Divulgação
“O Nome da Flor” não é apenas um marco da longevidade e da vitalidade do poeta, mas celebra aquela que o estimulou a pôr no papel seu talento, quando ele já era um sexagenário: sua segunda mulher, Irma, a quem o livro é dedicado, “em paz, onde estiver”, conforme escreveu.
Espirituosa, profunda, irônica, soturna, a obra reúne fragmentos de vida, colhidos das observações do autor sobre episódios pessoais ou sociais. Sua motivação, no entanto, é o amor. Luiz de Albuquerque não busca interpretá-lo, apenas o aceita e o brinda, em seus versos, ao adotar a perspectiva daquele que enxerga e revela a pessoa amada, em um diálogo que pode ser interpretado como sendo com o leitor ou com quem o inspirou. Um bom exemplo é o poema “Elegância”, outro é o que dá nome ao livro.
Seus versos são escandidos com esmero, assim como suas rimas. A cadência fonética é impecável e há riqueza nas figuras de linguagem. Por isso, seus poemas estão muito fora da curva da produção coletiva atual. Individualmente ou como corpo de obra, são uma “aula” de poesia. Destaque, nesse sentido, para o lúdico “Ponto e Linha”, que nos traz um delicioso jogo de palavras e exigiu de Albuquerque uma pesquisa histórica magistral, pois recebeu influência criadora do soneto “Conta e Tempo” de Frei Antônio das Chagas (1631-1682).
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