Por bianca.lobianco

Rio - Coveiros do Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Norte, entraram em greve nesta quinta-feira por conta de atrasos de salários. Eles também reivindicam pagamento das férias e o fato de a Santa Casa não depositar o Fundo de Garantia (FGTS). Cerca de 60% não possuem carteira assinada. Os corpos chegaram a ser levados para outras unidades para que os enterros pudessem ser realizados. Alguns, ficaram nas capelas do local.

Coveiros fazem greve no Cemitério do CajuAlexandre Vieira / Agência O Dia

Durante a tarde de quinta-feira, uma paralisação foi feita e a direção da Santa Casa informou que o pagamento seria realizado até às 14h da tarde desta sexta-feira. Como não foi cumprido o prometido, eles decidiram continuar com a greve. Por volta das 12h a Santa Casa começou a quitar parte dos pagamentos. Os enterros atrasaram na parte da manhã, mas já foram normalizados.

Marcos Flávio, diretor social da SindFilantrópicas (Sindicato dos Empregados em Instituições Beneficentes, Religiosas, Filantrópicas e Organizações não Governamentais do Estado do Rio de Janeiro) ressaltou que as condições de trabalho estão insustentáveis.

"É um absurdo a gente estar no dia 19 e não ter recebido salário, todo mês é isso. Já não sei mais quando foi a última vez que o salário caiu no dia 5. Isso sem falar da questão das férias, do FGTS e da carteira assinada. Ninguém aguenta trabalhar assim", relatou. 

Coveiros fazem greve no Cemitério do CajuAlexandre Vieira / Agência O Dia

Parentes se solidarizam com a causa

A atitude dos parentes dos mortos que estavam em vias de serem enterrados chamou a atenção de quem esperava pelo pior. A dor pela perda de um ente querido não se transformou em revolta, mas em solidariedade aos funcionários da Santa Casa.

“Eles estão no direito deles, tentando resolver um problema que é grave. Ninguém gosta de trabalhar o mês inteiro e não receber”, defendeu Maria da Silva de Lira, que estava no Caju para enterrar o pai.

Para Juliana Moreira, que estava no enterro de uma tia, a Santa Casa deveria ser alvo de uma CPI. “É uma vergonha o que se faz aqui. O cidadão paga o pato. E o coveiro, que é o responsável pelo último gesto de carinho com todos nós”, disse Juliana.

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