Rio - Solidários aos parentes do pedreiro Amarildo Dias de Souza, 47 anos, o Boi, sumido desde domingo quando foi levado por PMs para a base da UPP da Rocinha e não retornou, moradores da favela preparam novos protestos, como o da noite de quarta-feira, quando a Auto Estrada Lagoa-Barra foi fechada nos dois sentidos várias vezes. Uma manifestação marcada para esta quinta-feira foi cancelada por causa do encontro de parentes com as autoridades.
Em nota, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) confirmou que Amarildo foi conduzindo à sede da UPP Rocinha para averiguações. “O tempo que permaneceu lá (na UPP) faz parte das investigações”, diz o texto, ressaltando que o CPP tem “total interesse no esclarecimento do caso”.
Familiares se encontram com autoridades
Em reunião com autoridades, familiares cobraram nesta quinta mais empenho da polícia para o esclarecimento do caso. Sete pessoas da família se encontraram com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, com o delegado da 15ª DP (Gávea), Orlando Zaccone, e com o deputado estadual Marcelo Freixo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa (Alerj).
De acordo com os familiares, Amarildo chegou em casa de uma pescaria domingo e, quando limpava peixes, foi retirado de casa por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e levado para a sede da unidade na favela. Ele teria sido confundido com um bandido.
“Nós temos que, no mínimo, ter explicações convincentes sobre o que fizeram com meu pai. É inadmissível que um grupo de pelo menos 15 PMs continuem agindo como se fossem os xerifes da região, ameaçando de morte e esculachando inocentes”, desabafou Anderson Gomes, 21.
As autoridades prometeram acelerar as investigações. Nesta quinta, policiais que teriam conduzido o pedreiro até a sede da UPP prestaram depoimento na 15ª DP. “Asseguramos aos familiares que vamos concentrar forças para achar Amarildo. Estamos verificando os GPS das viaturas e reunindo imagens de câmeras de vídeo. O desaparecimento de uma pessoa nessa circunstância provoca mal estar geral”, afirmou Zaccone.
Freixo, por sua vez, garantiu que a Comissão de Direitos Humanos acompanha o caso desde o dia do sumiço do pedreiro. “Esse caso tem que ser esclarecido logo. Estamos atentos em relação às investigações. Esse diálogo foi importante, mas vamos continuar cobrando um desfecho”, garantiu o deputado.