Por cadu.bruno

Rio - Cerca de 120 manifestantes ocupam as galerias do plenário da Câmara Municipal na manhã desta quinta-feira onde é realizada a primeira audiência pública da CPI dos Ônibus. Os jovens gritam palavras de ordem, como "não vai ter pizza", e erguem cartazes e faixas. A sessão começou por volta das 10h05. Na entrada todos passaram por detector de metais.

Mas nem todos nas galerias parecem ser contra a base formada para liderar a CPI. Um grupo grita "Chiquinho, Chiqunho", em apoio ao vereador Chiquinho Brazão (PMDB), eleito presidente da comissão. Houve tumulto e agressão física entre os dois grupos. Os brigões foram retirados pelos seguranças. A fala dos parlamentares é interrompida várias vezes por conta de gritos dos manifestantes.

Grupo de supostos milicianos e manifestantes entraram em confronto na CâmaraSeverino Silva / Agência O Dia

Um sapato foi atirado na direção do relator da comissão, Professor Uóston (PMDB). O objeto atingiu a mesa e por pouco não acertou o parlamentar. O atual secretário de transportes do município, Carlos Roberto Osório, é ouvido pelos vereadores. O vereador Eliomar Coelho (Psol), que entrou com pedido de criação da comissão, não está presente na audiência.

Senhas foram distribuídas para quem quisesse acompanhar a reunião e houve registro de confusão. O coronel Marcos Paes, chefe da segurança da Câmara, quase foi agredido por um homem que tentava pegar uma senha sem entrar na fila. 

A Polícia Militar faz bloqueios no entorno da Câmara. Na Rua Alcindo Guanabara, na lateral do prédio, somente jornalistas e pessoas credenciadas podiam transitar pela via. O vereador Leonel Brizola Neto (PDT) teve sua entrada dificultada por PMs, que montaram barreira na Rua Alcindo Guanabara. Após discutir com os policiais, ele conseguiu acessar o local. "Eu, vereador da Câmara, fui impedido de entrar na Casa. É um absurdo", disse, revoltado.

Bloqueio realizado pela PM no entorno da CâmaraCarlos Moraes / Agência O Dia

Quem tentava acessar a via pela Cinelândia precisava dar a volta pelas ruas Ator Jayme Costa e Álvaro Alvim. Cerca de 30 manifestantes, militantes do Psol, estão na escadaria da Câmara.

No fim da noite desta quarta, o plantão do judiciário negou pedido de liminar para suspender a sessão desta manhã. De acordo com a Justiça, não há justificativa para conceder a liminar durante um plantão noturno porque a formação da comissão por autoria governista já era conhecida há quase dois meses.

Um grupo de oito vereadores da oposição entrou com o recurso no plantão judiciário. A decisão de encaminhar o pedido de liminar para a suspensão da CPI foi tomada após a Mesa Diretora cancelar mais uma sessão plenária — a terceira em menos de uma semana.

Manifestantes fizeram fila e receberam senhas para entrar na CâmaraCarlos Moraes / Agência O Dia

A justificativa para não ter havido expediente nesta quarta foi a reintegração de posse, que poderia ter um desfecho de confronto entre ocupantes e a polícia. O grupo da oposição pretendia na sessão desta quarta entrar com recurso para revisão da proporcionalidade da CPI.

Cresce pressão sobre a CPI dos Ônibus

A CPI dos Ônibus tem a primeira sessão nesta quinta envolta em polêmica pelo fato de ser composta por vereadores que, além de pertencerem à base aliada do prefeito, não assinaram o pedido de abertura das investigações.

“A comissão é composta por cinco vereadores. Eu sou membro nato, pois fui o proponente. Sobrariam quatro vagas, e eles (a base aliada) estão ocupando todas, quando só podem ocupar até três”, argumentou o vereador Eliomar Coelho (Psol).

Para não ficar de fora das discussões sobre CPI na internet, a equipe do relator da Comissão Professor Uóston criou uma página no Facebook (O Rio faz: CPI dos Ônibus) para divulgar o trabalho das audiências. Até esta quarta, havia 965 seguidores na rede social e uma coleção de críticas aos membros da Comissão. Nas postagens, é possível ler dezenas de bate-bocas com os internautas.

Na sexta-feira, em resposta a um cidadão que questionava o motivo de os vereadores terem criados estes ambientes virtuais, o moderador da CPI disse: “Vocês não têm a Mídia Ninja? Por que não podemos ter nossos Samurais?”. Um site com o mesmo nome também é administrado pela equipe de Uóston, integrante da CPI que é vereador da base aliada ao prefeito Eduardo Paes.


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