Rio - Manifestantes contrários à composição da CPI dos Ônibus e um grupo de cerca de 15 pessoas, que segundo eles seriam milicianos, entraram em confronto no início da tarde desta quinta-feira na Rua Senador Dantas, no Centro. O tumulto causou pânico e correria na região.
Os suspostos milicianos procuraram refúgio em um prédio na Rua Evaristo da Veiga. Armados com paus e pedras, os grupos rivais espalharam medo pelas ruas do Centro. Um manifestante foi detido e levado à 5ª DP (Mem de Sá).
A confusão ocorreu no intervalo da sessão. Durante a primeira audiência da comissão, muitos manifestantes disseram que foram ameçados de morte pelos supostos milicanos. Ao deixar a Casa, o deputado Chiquinho Brazão (PMDB), presidente da comissão, avaliou a sessão como "muito positiva".

O vereador Jorginho da S.O.S deu suas impressões sobre a primeira sessão. "Achei normal, mais ou menos. Dentro do padrão. Ainda falta muita gente ser ouvida", disse. Sobre a presença de manifestantes contrários à formação da comissão, o parlamentar afirmou que a CPI é legal.
"Eles têm o direito de não achar legítimo. Mas estamos agindo dentro do regimento", contou.
A sessão foi marcada por tumulto. O secretário de transportes do município, Carlos Roberto Osório, foi ouvido pelos vereadores por quase duas horas. Houve bate-boca e agressão física entre os dois grupos já nas galerias do plenário. Os brigões foram retirados pelos seguranças. A fala dos parlamentares foi interrompida várias vezes por conta de gritos.
Após o confronto, 15 manifestantes seguiram na Casa para acompanharem a sessão plenária. Seguranças estão impedindo que o grupo tenha acesso aos banheiros e aos bebedouros das galerias. Eles afirmam que se os jovens saírem do local não poderão retornar à sessão.
Sapato é atirado em vereador
Um sapato foi atirado na direção do relator da comissão, Professor Uóston (PMDB). O objeto atingiu a mesa e por pouco não acertou o parlamentar. O vereador Eliomar Coelho (Psol), que entrou com pedido de criação da comissão, não esteve presente na audiência.
Senhas foram distribuídas para quem quisesse acompanhar a reunião e houve registro de confusão. O coronel Marcos Paes, chefe da segurança da Câmara, quase foi agredido por um homem que tentava pegar uma senha sem entrar na fila.

A Polícia Militar fez bloqueios no entorno da Câmara. Na Rua Alcindo Guanabara, na lateral do prédio, somente jornalistas e pessoas credenciadas podiam transitar pela via. Quem tentava acessar a via pela Cinelândia precisava dar a volta pelas ruas Ator Jayme Costa e Álvaro Alvim.
O vereador Leonel Brizola Neto (PDT) teve sua entrada dificultada por PMs, que montaram barreira na Rua Alcindo Guanabara. Após discutir com os policiais, ele conseguiu acessar o local. "Eu, vereador da Câmara, fui impedido de entrar na Casa. É um absurdo", disse, revoltado.

No fim da noite desta quarta, o plantão do judiciário negou pedido de liminar para suspender a sessão desta manhã. De acordo com a Justiça, não há justificativa para conceder a liminar durante um plantão noturno porque a formação da comissão por autoria governista já era conhecida há quase dois meses.
Um grupo de oito vereadores da oposição entrou com o recurso no plantão judiciário. A decisão de encaminhar o pedido de liminar para a suspensão da CPI foi tomada após a Mesa Diretora cancelar mais uma sessão plenária — a terceira em menos de uma semana.
A justificativa para não ter havido expediente nesta quarta foi a reintegração de posse, que poderia ter um desfecho de confronto entre ocupantes e a polícia. O grupo da oposição pretendia na sessão desta quarta entrar com recurso para revisão da proporcionalidade da CPI.