Rio - Um grupo formado por 50 manifestantes contrários à administração do Maracanã por empresas privadas ocupou, ontem à tarde, o saguão de um prédio em Botafogo onde fica a principal sede da empreiteira Odebrecht — detentora de 90% de participação no consórcio que administra o estádio, em parceria com a IMX e a AEG.
Jovens da Frente Nacional dos Torcedores e do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas só deixaram o local após entregar, em mãos, uma carta pedindo a anulação da licitação e a volta da gestão pública do Maracanã, ao presidente do consórcio Complexo Maracanã Entretenimento S.A., João Borba.

O protesto coincidiu com a proximidade do envio de um estudo da concessionária ao governo do estado, na próxima segunda-feira. O documento irá propor mudanças no projeto original das obras. Segundo manifestantes, o contrato poderá ser anulado.
Na segunda-feira, os manifestantes pretendem realizar um novo ato pedindo a volta da administração pública no Maracanã, que será palco da final da Copa do Mundo. A manifestação deve contar com o apoio de outros sindicatos de trabalhadores.
“Nunca imaginamos que receberíamos uma resposta imediata ou que a empresa sairia de cena pela nossa ocupação. Nosso ato é um repúdio popular a esta gestão nebulosa. Com a entrega da carta ao presidente, atingimos o objetivo”, disse o líder do Comitê, Gustavo Mehl. O presidente do Consórcio Maracanã, João Borba, prometeu analisar as reivindicações.
Protesto cobra preços populares para jogos
Em clima de final de campeonato, vestidos com as camisas de seus times e gritando palavras de ordem como “O Maraca é nosso”, manifestantes cobraram mudanças na administração do estádio.
Embora o pedido principal fosse a saída imediata da Odebrecht do consórcio, uma série de outras reivindicações foi feita na carta entregue ao gestor. Entre elas, estavam a equiparação do preço dos ingressos a um percentual fixo do salário mínimo e a criação de projetos sociais no complexo esportivo.
“O Maraca é um estádio do povo. Um ingresso não pode pesar no orçamento do torcedor e suas dependências devem ser voltadas a todos”, opinou Raul Victor Magalhães, da Frente Nacional dos Torcedores.
O Consórcio Maracanã alegou que tem buscado preços cada vez mais acessíveis aos torcedores. Prova disto seriam os valores para as próximas partidas, com ingressos quase similares aos praticados antes do consórcio. A concessionária lembrou que serão investidos R$ 594 milhões, para transformar o complexo em um moderno espaço de entretenimento, até o fim do contrato, daqui a 35 anos, quando a administração deve ser entregue ao governo.