Por thiago.antunes

Rio - A chacina ocorrida em Realengo, quinta-feira, foi motivada por dívida de drogas com traficantes ou por possíveis desavenças com milicianos. Essas são as linhas de investigação da Divisão de Homicídios para esclarecer o caso. O crime aconteceu numa casa na Rua Nuretama e vitimou cinco homens e duas mulheres. As características da barbárie dão à polícia a certeza de que se trata de uma execução premeditada. Ninguém foi preso.

“Homens encapuzados pularam o muro, invadiram a residência e realizaram disparos contra o crânio e tórax das vítimas”, explicou a delegada responsável pelo caso, Renata Araújo. De acordo com a policial, diligências serão realizadas neste fim de semana para localizar novas testemunhas e suspeitos. Câmeras de segurança de residências e estabelecimentos próximos ao imóvel — que, segundo vizinhos e parentes de vítimas, era usada para consumo de drogas — já foram solicitadas. O objetivo é identificar os três carros usados para transportar os criminosos.

Corpos são retirados da casa por homens da Defesa CivilOsvaldo Praddo / Agência O Dia

Ontem, pelo menos 20 pessoas, entre testemunhas e familiares, prestaram depoimento na DH. Na casa, havia pequena quantidade de maconha, cachimbos para o uso de crack, além de cápsulas de fuzis calibre 556 e pistolas 9mm, armas usadas na execução. O laudo pericial deve sair em 10 dias. “Pedimos a colaboração de testemunha, que pode ser feita através do telefone do Disque-Denúncia (2253-1177)”, disse a delegada.

“Eram dependentes químicos, amigos de longa data. Seja lá qual foi a motivação do assassinato, perdi meu sobrinho para as drogas”, disse Iderval Gonçalves, tio de Toni Anderson, de 37 anos, dono da casa onde ocorreu o crime. Os outros mortos foram identificados como Renata Souza da Silva (mulher de Toni), de 30; Leandro Marques Pereira, de 24; Alex Prudêncio de Amorim, de 28; Amanda Silva Guimarães, de 27; Clayton Guimarães e Luan Santos da Costa.

Casa era ponto de viciados

Entre as pessoas que prestaram depoimento ontem, estava o dono da van usada pelos criminosos para pular o muro da residência. O motorista Jorge Milton Novaes afirmou que parava o carro diariamente na calçada em frente ao local do crime.

Moto foi apreendida pela políciaOsvaldo Praddo / Agência O Dia

Ele chegou a alugar vaga na garagem da casa, por R$ 80, durante três meses, mas preferiu deixar o carro na rua ‘por causa do número de viciados em crack que frequentavam o local’.
Outro vizinho, que preferiu não se identificar, disse que a casa se tornou ponto de encontro de dependentes químicos. “Diariamente, ouvíamos discussões e barulho. À noite, o local se tornava ponto de consumo de drogas e amedrontava quem passava pela rua, que é residencial”.

Casal perdeu a guarda dos filhos

Definidos por parentes como pessoas de boa índole, Toni Anderson e Renata Souza da Silva, donos da casa, lutavam há anos contra o vício em drogas. “Há 10 anos, lutávamos para que ele se recuperasse. Ele foi uma vítima do tempo e do espaço”, disse Iderval Gonçalves, tio de Toni.

De acordo com ele, o sobrinho já tinha passado por internações e clínicas especializadas, e tinha antecedentes criminais por receptação. O casal já havia perdido a guarda dos filhos, de 2 e 7 anos, que já eram criados pelos avós maternos. “Por conta do vício, ela se mantinha afastada, minha dor será eterna”, desabafou o pai de Renata, Jorge Leão. O casal será sepultado hoje, às 10h, no Cemitério do Caju.

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