Por thiago.antunes

Rio - Policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca) vão ouvir novamente nesta terça-feira a adolescente de 14 anos, grávida de dois meses, que teria sido estuprada por traficantes no Morro do Banco, no Itanhangá, Zona Oeste do Rio, no fim da noite desta segunda-feira. Na ocasião, três jovens, sendo dois menores de idade, foram torturados pelos criminosos. Os agentes devem cruzar os depoimentos para obterem pistas que levem aos acusados.

“Estes três jovens não têm nenhuma ligação com o tráfico da Rocinha, mas os bandidos suspeitaram que eles estivessem infiltrados na comunidade, já que, quando foram abordados, contaram que haviam se mudado da Rocinha para lá há cerca de dois meses”, disse o delegado Fábio Ferreira, da 16ª DP.

Um dos acessos ao Morro do Banco passa por condomínio de luxoEstefan Radovicz / Agência O Dia

A jovem estuprada foi levada para a Maternidade Municipal Leila Diniz e será acolhida pelo Juizado da Infância e Juventude após receber a alta médica, prevista para esta quarta-feira
Já os rapazes receberam alta nesta terça e prestaram depoimento. E contaram que os traficantes justificavam a tortura com o argumento de que ‘eles precisavam virar homens’. O jovem de 17 anos ainda teve os braços quebrados.

Segundo os agentes, até sete pessoas poderiam ter participado do crime. Três deles já foram identifados por fotos e depoimentos das vítimas. A polícia investiga ainda se a jovem é sobrinha-neta do pedreiro Amarildo de Souza, que desapareceu desde junho na Favela da Rocinha, Zona Sul do Rio.

Criminosos teriam desconfiado de vítimas

As vítimas deixaram a Favela da Rocinha e se mudaram para o Morro do Banco há cerca de dois meses. Bandidos da comunidade, que seriam fugitivos do Complexo do Lins, pacificado no início de outubro, desconfiaram que os jovens seriam informantes de traficantes da Rocinha.

“Mandaram a gente estender a palma da mão e a palma do pé e começaram a bater: coronhada de arma, muita coisa. Pegaram a fita isolante, enrolaram a gente, fizeram a gente tipo de balanço, um pelo pé e pela mão e jogaram a gente no mato. Tinha mais de 15, no começo tinha cinco, aí foi chegando. Chegou até um viciado aí eles falaram: aí, não quer dar uma porrada nele não? Aí deram uma madeira para o viciado e o viciado bateu na gente”, disse uma das vítimas ao Bom Dia Rio .

Após duas horas de tortura, o trio foi abandonado em um matagal. 

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