“O paciente tem que ter sorte. Se não estiver no lugar certo na hora certa corre grande risco de morrer”, alerta a promotora de Justiça Patrícia Tavares. O maior tempo de espera foi observado nas especialidades de infectologia (16 dias), oncologia (12 dias) e ortopedia (9 dias). Em algumas unidades, pacientes chegaram a receber alta em cadeiras ou macas, sem sequer terem sido internados. Um paciente da emergência estava hospitalizado há 40 dias.
Levantamento do MP em unidades públicas de saúde revela dados preocupantes
Mais da metade de pacientes encontrados em emergências aguardam internação
Rio - Inspeção feita pelo Ministério Público do Estado do Rio em 50 hospitais e unidades de saúde cariocas mostrou mais uma vez a via crúcis de pacientes à espera de internação. O levantamento inédito, realizado entre os dias 12 e 19 de agosto deste ano, revelou que 66% dos 1.225 pacientes encontrados nas emergências da rede pública aguardavam por atendimento médico.
Outros 27% (220 pessoas) esperavam por uma vaga em leitos para adultos em UTI. O mais grave é que, no mesmo período, havia 32 leitos ociosos, para onde já poderiam ter sido transferidos 14,5% deles. Promotores descobriram que as unidades tinham 11 leitos vagos na UTI pediátrica e quatro crianças na fila de espera. De acordo com as promotoras, em apenas uma semana, 209 pessoas morreram, sendo 45 delas (22%) nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Publicidade
De acordo com os promotores, alguns chegam a ser encaminhados para fazer exames em hospitais e retornam para as UPAs onde ficam internados, o que não está previsto neste tipo de unidade. Promotores criticaram a falta de cooperação entre as redes de saúde federal, estadual e municipal e a ausência de sistema informatizado para organizar a distribuição dos leitos. Cobraram ainda protocolos de hierarquização dos casos para garantir que pacientes sejam atendidos de acordo com a gravidade.
Maioria dos pacientes é idosa
Publicidade
A vistoria, feita em 30 UPAs, 5 CERs (Coordenação de Emergência Regional) e 15 hospitais, constatou que a maioria dos pacientes (52,7%) tem mais de 60 anos. Entre os que aguardavam transferência, 3% eram portadores de doenças infectocontagiosas.
A Secretaria Estadual de Saúde informou que só vai se pronunciar após receber a lista das unidades fiscalizadas. Já a Prefeitura do Rio disse que precisa entender a metodologia usada. O estudo completo será divulgado hoje durante audiência pública, no auditório do órgão, no Centro.
Publicidade
Publicidade