Ex-presidente da CBV desviou patrocínios do Banco do Brasil para empresas fantasmas, acusa MPRJ
Contratos fictícios teriam sido assinados pelo, até então presidente da Confederação, Ary Graça Filho. Investigações apontam que o esquema movimentou mais de R$ 50 milhões
Rio - A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio (MPRJ) identificaram que a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) realizou contratos fictícios com empresas fantasmas para desviar recursos do patrocínio do Banco do Brasil. Os contratos teriam sido assinados pelo, até então presidente da CBV, Ary Graça Filho e por empresas que tinham à frente superintendentes da CBV como Fabio André e Marco Pina, que recebiam valores da CBV para a prestação de serviços que nunca foram realizados. Os valores obtidos com as centenas de contratos de sublocação eram repartidos entre os integrantes da organização criminosa.
Em um trecho do processo, o MPRJ afirma "que se valendo da função de Presidente da entidade esportiva, manejava os recursos de patrocínio do Banco do Brasil por ele administrados em favor de si próprio e do grupo criminoso, celebrando contratos com sociedades empresárias recém criadas, sem estrutura de pessoal e estabelecidas em sedes fictícias."
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Apesar de possuir sede na capital, a CBV celebrou contratos que não foram devidamente executados com empresas estabelecidas em Saquarema por meio do esquema ilegal de fraudes tributárias, de propriedade dos denunciados. As empresas SMP Logística e Serviços e SMP Sports Marketing e Promotion tinham em seu quadro societário Marco e sua esposa, a denunciada Sonia Maria de Noronha Pina, enquanto as empresas S4G Gestão de Negócios e S4G Planejamento e Marketing tinham como sócios Fábio e sua esposa, a denunciada Flávia Morato de Avellar Azevedo.
Durante a "Operação Desmico", realizada nesta quinta-feira (20) por policiais da Delegacia de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (DCC-LD), em ação conjunta com o MPRJ, R$ 30.470, US$ 43.100 e € 4.900 foram apreendidos, além de diversos documentos, oito telefones celulares, sete HDs e dois notebooks. O irmão do ex-prefeito, o denunciado Antonio Cesar Alves, foi preso em flagrante por ter a posse de munição e de uma arma sem registro. Antonio é sócio da empresa de contabilidade Transit assessoria Contábil, que prestava serviços à Saquarema Business, à SMP Logística e Serviços, à SMP Sports Marketing e Promotion, e à CBV, e tinha como principal função a lavagem de dinheiro ilícito obtido com as fraudes.
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Ao todo, 20 mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Leblon, Barra da Tijuca, Copacabana, Ilha do Governador e Vargem Grande, além no Município de Saquarema. Segundo as investigações, o esquema movimentou mais de R$ 50 milhões. A justiça determinou, também, o bloqueio de R$ 52 milhões dos envolvidos. Eles foram denunciados por furto qualificado pela fraude, organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
De acordo com o delegado Thales Nogueira, titular da Delegacia de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (DCC-LD), após fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego verificou-se que em dois pequenos escritórios no Município de Saquarema funcionavam de forma fictícia mais de mil empresas que se beneficiavam de benefícios fiscais concedidos pelo então prefeito Antônio Peres Alves durante a sua gestão.
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Por meio de nota, a CBV disse que "recebeu nesta quinta-feira (20) pela manhã a Polícia Civil em suas sedes na Barra da Tijuca e em Saquarema, por conta de uma investigação iniciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro em 2013 sobre ex-dirigentes da entidade. Funcionários da confederação prestaram todo o auxílio às autoridades policiais que buscavam documentos relativos a um suposto esquema de fraude tributária que teria contado com o auxílio do ex-presidente da CBV, Ary Graça Filho. De acordo com as investigações, a CBV teria sido vítima dos seus então dirigentes, que teriam criado contratos fictícios para desviar dinheiro da instituição. A atual gestão da confederação cooperará integralmente com a investigação e, se forem comprovados prejuízos financeiros à CBV, tomará todas as medidas necessárias para que estes valores sejam integralmente ressarcidos à comunidade do voleibol".
O DIA tentou contato com a defesa do ex-presidente da CBV, Ary Graça Filho, mas não a localizou. O espaço está aberto para manifestação.
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