Viva Rio leva ações socioculturais a favelas para garantir mais qualidade de vida às populações
Por thiago.antunes
Rio - Quando fundadores do Viva Rio se reuniram em 1993 para repensar a cidade não demoraram a entender que, para enfrentar a violência, precisavam ocupar espaços abandonados tanto pelo estado quanto por famílias. “Era preciso oferecer oportunidades aos jovens dessas comunidades que estavam fora da escola, os mais vulneráveis”, explica Rubem César Fernandes, diretor do Viva Rio. Na agenda, a atenção às ações socioculturais logo ganhou destaque. Ao comemorar 20 anos de trabalho, esse desafio ainda é permanente.
Atualmente a grande aposta do Viva Rio é a Casa de Cultura Milton Santos, que funciona na Penha, em uma parceria com a Secretaria Municipal de Saúde. O local oferece a 450 pessoas oficinas de teatro, arte, reciclagem, costura e grafite, além de proporcionar aulas de lutas e reforço escolar para crianças e adolescentes.
Enquanto crianças e adolescentes são atendidos%2C mulheres também participam de oficinas de costuraJosé Pedro Monteiro / Agência O Dia
“É um lugar que trabalha o conceito de saúde como qualidade de vida”, conta a socióloga e cientista política Ane Lise Vieira, que coordena o local desde a criação, há um ano e meio. A intenção é criar outras unidades no ano que vem. “Teremos um laboratório de informática em 2014”, adianta. Novas inscrições devem ser aceitas no primeiro semestre.
Já em Itaboraí e Maricá funciona o projeto ‘Viva RioSocioambiental’. Cerca de 150 jovens de grupos de hip hop desenvolvem atividades de educação ambiental, cultura e comunicação. Para o coordenador de projetos Tião Santos, que acompanhou a trajetória cultural da ONG, a rádio Viva Rio, que funcionou entre 2002 e 2005, foi um dos destaques. Transmitida em AM, a mídia era voltada às comunidade e dava ênfase à música negra. “A rádio fazia ligação com as artes das comunidades e também era a única que tocava funk naquela época”, conta. Entre os programas com maior audiência, estava o ‘Furacão 2000’.
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Nesta terça-feira à noite, o aniversário do Viva Rio será celebrado no show ‘Haiti aqui’, de Gilberto Gil e Caetano Veloso, na quadra da Unidos da Tijuca, onde os artistas também vão comemorar os 20 anos da canção ‘Haiti’.
A oficina de grafite é uma das mais procuradas pelos jovens na Casa de Cultura Milton Santos%2C na PenhaJosé Pedro Monteiro / Agência O Dia
Projeto de jornalismo mostra realidade em duas faces
Foi durante uma triste caminhada que o carteiro Sandro Mendes, de 34 anos, sentiu que precisava fazer algo. Ao protestar contra a morte de um menino ferido por uma bala perdida em Vila Kenedy, há dois anos, ele sentiu que precisava mostrar que a comunidade era muito maior do que as estatísticas de violência.
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Foi quando Mendes conheceu o Viva Favela, um projeto de jornalismo colaborativo do Viva Rio que está completando 11 anos. “Mostramos o que há de bom e falar do que é ruim na nossa visão”, explica. A rede de 200 correspondentes voluntários ativos produz conteúdo diariamente para o www.vivafavela.com.br e faz uma revista multimídia.
Para que o projeto funcionasse, a Rocinha recebeu em 2001 a primeira experiência de internet sem fio em uma comunidade, graças à parceria com uma empresa, que permitia o uso de internet a rádio. “As pessoas iam para as biroscas na rua e usavam a internet, boquiabertas”, afirma o coordenador de projetos Tião Santos. Para Sandro Mendes, o site ajuda a divulgar a cultura da região. “A estima da galera vai lá em cima, até trabalha com mais afinco”, diz.