Por cadu.bruno
Rio - O cacique Urutau Guajajara foi retirado à força da árvore que ocupava por volta das 11h40 desta terça-feira na Aldeia Maracanã, no antigo Museu do Índio. Um bombeiro desceu de rapel de uma escada magirus e agarrou o indígena, que foi imediatamente colocado em uma maca e levado de ambulância para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro.
Após receber atendimento médico na unidade, ele foi encaminhado à 18ª DP (Praça da Bandeira), onde é ouvido pela polícia.
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O cacique ficou na árvore por pouco mais de 26 horas. Manifestantes tentaram bloquear a saída da ambulância e policiais jogaram spray de pimenta para dispersar os ativistas.
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O advogado do grupo, Arão da Providência, disse que a Justiça deve emitir um parecer sobre a desocupação até às 18h desta terça. Segundo ele, a posse foi dado aos índios pela Justiça Federal e nenhuma decisão legal foi tomada para revogar a medida. "A decisão diz que é legítimo os índios estarem ali", argumenta Arão.
Índio ficou em árvore por mais de 24 horas até ser retirado por bombeirosSeverino Silva / Agência O Dia

Mais cedo, bombeiros e PMs tentaram impedir que ativistas entregassem comida ao índio, mas um saco com alimentos foi lançado até a árvore por volta das 8h20. Nesta segunda, 26 pessoas foram levadas para a 18ª DP (Praça da Bandeira). Destas, 24 foram autuadas por resistência e devem ser julgadas no Juizado Especial Criminal (Jecrim).

As outras duas pessoas foram autuadas por furto de material de escritório e resistência, desobediência e desacato, respectivamente. O furto ocorreu no prédio da Associação Nacional dos Agropecuaristas (Anagro), desativado há anos, que estava sendo usado pela Odebrecht, uma das empresas envolvidas nas obras do Complexo do Maracanã. Os ativistas ocuparam o espaço. Segundo o delegado Fábio Barucke, da 18ª DP, a outra pessoa xingou os policiais.

Bombeiro é hostilizado por ativistasSeverino Silva / Agência O Dia

"A pessoa se dirigiu a um dos PMs com palavras de baixo calão. Além disso, todas as penas somam mais de dois anos, o que joga o caso para justiça comum", afirmou Barucke. Os 25 manifestantes foram liberados e, até às 16h desta segunda-feira, se reuniam para fazer uma 'vaquinha' e conseguir a quantia de um salário mínimo, necessária para a liberação do último detido.

Divergência em ação

Ainda de acordo com o delegado Fábio Barucke, a ação policial se baseou em uma decisão judicial de março deste ano. No entanto, os indígenas mostraram documentos, datados de setembro, que garante a ocupação do espaço. O advogado do grupo foi à Justiça Federal para protocolar a decisão.

No domingo, índios e manifestantes ocuparam a construção anexa - antigo Laboratório nacional Agropecuário (Lanagro) - onde a Empresa de Obras Públicas do Rio (Emop) e a construtora Odebrecht montaram escritório e canteiro de obras. O governo do Estado do Rio disse que a construção e o Museu do Índio não serão demolidos.

Polícia montou cerco ao redor do antigo Museu do ÍndioSeverino Silva / Agência O Dia

Pela manhã, policiais realizaram um cerco na área e retiraram algumas pessoas à força. A pista sentido Centro da Radial Oeste foi fechada a partir da Rua São Francisco Xavier, após o Viaduto da Mangueira, por cerca de 2h30. A via foi reaberta por volta das 10h. O grupo foi retirado do museu e levado para um ônibus da PM.

A ação de desocupação do antigo Museu do Índio teria sido ilegal de acordo com Arão da Providência. “Nenhum mandado judicial foi apresentado e nenhum oficial de Justiça esteve no local”, denuncia. Segundo ele, a posse foi dado aos índios pela Justiça Federal e nenhuma decisão legal foi tomada para revogar a medida. "A decisão diz que é legítimo os índios estarem ali", argumenta Arão.

"Houve ilegalidade nas prisões porque não há ordem judicial para a desocupação. Os policiais usaram gás de pimenta e agrediram manifestantes", explicou o advogado André de Paula, da Frente Internacional dos Sem-Teto, que foi para a 18ª DP.