Mototaxistas registram queixa contra multas aplicadas no Chapéu Mangueira
Autuações teriam começado após a divulgação de um vídeo no qual um PM agrediu um morador da comunidade
Por karilayn.areias
Rio - Mototaxistas que trabalham nos morros da Babilônia e do Chapéu Mangueira, no Leme, Zona Sul do Rio, registraram queixa na 12ª DP (Copacabana), na madrugada deste sábado, por abuso de autoridade. Eles denunciam que agentes públicos, como PMs e guardas municipais, estão aplicando multas de trânsito arbitrariamente.
As autuações teriam começado após vídeo divulgado por O DIA, que mostra dois PMs da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade aparecem agrendindo o morador Paulo Sérgio Moreno Campos, conhecido como Buiú, que também é mototaxista, no dia 9 de novembro. Dois policiais foram afastados.
De acordo com o mototaxista Carlos Antonio de Oliveira, o Toni, de 36 anos, desde o dia 11, 35 dos 47 profissionais que trabalham nas duas comunidades começaram a receber notificações de multas. Vários deles afirmam que não estavam trabalhando na comunidade no dia. Ele também cita casos de moradores que não trabalham no transporte alternativo na comunidadede também estarem sendo autuados.
"Sem dúvida é um represália da polícia depois do caso de agressão contra o Paulo Sérgio. Na época, ele registrou ocorrência e dois policiais foram afastados", afirmou Carlos Antonio. Colegas dele disseram na porta da delegacia que os PMs alegam que eles não usam placa, capacete e viseiras. No entanto, ainda segundo os mototaxistas, os próprios policiais não dão o exemplo e circulam sem os itens de trânsito e de segurança obrigatórios nas duas comunidades.
Publicidade
Multado duas vezes no mesmo dia, o mototaxista Agnaldo Bezeraa, 37, disse que está impedido de realizar a vistoria anual de sua moto neste sábado. "Estava em casa no dia e horário da suposta infração. Como eu, outros colegas foram infracionados duas, três vezes no mesmo dia, em horários tipo 9h01, 9h02, 9h03. É um abuso de autoridade", denunciou o morador.
Na noite desta sexta-feira, mototaxistas e motoristas de kombis que circulam nas duas comunidades pararam por duas horas. Na segunda-feira eles vão se reunir com a tenente Paula Apulchro, comandante da UPP. Caso não seja apresentada uma solução para o caso eles prometem fazer uma manifestação pacífica no bairro. O Comando de Polícia Pacificadora ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Morador agredido por policial de UPP disse que foi seguido
Uma semana após ser agredido por policiais da UPP Babilônia/Chapéu Mangueira, em novembro, o mototaxista Paulo Sérgio Moreno Campos afirmou que voltou a ser alvo dos PMs no dia 16. Ele e um morador da comunidade, que filmou as agressões, dizem que foram seguidos por militares após deixarem a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), no Complexo do Alemão.
Publicidade
Na ocasião, eles contaram estavam com outro morador do Babilônia e um da Rocinha, que também foi ao CPP reclamar das ações de policiais da UPP na comunidade de São Conrado. Eles iriam registrar queixa na 12ª DP.
“Estávamos do outro lado da rua e um PM ficou nos filmando com o celular. Depois, nos seguiu de carro e continuou fazendo imagens nossas com o telefone. Um PM estava numa Uno e o outro, num Palio. Corremos para o CPP com medo”, contou o morador que gravou os PMs batendo em Paulo.
Publicidade
Segundo o morador, eles tiveram que sair da CPP em uma viatura da PM. “O comando das UPPs mandou levar a gente numa viatura. Tivemos que sair escoltados”.
Na madrugada do dia 9, Paulo foi agredido porque reclamou que eles estavam no meio da rua, na favela, atrapalhando a passagem. Após uma discussão, Paulo levou um soco na cabeça e foi xingado. A ação foi filmada, e o caso, registrado na 5ª DP (Gomes Freire). Dois PMs foram afastados.