Por tamyres.matos
Rio - ‘Cada um com o seu fardo”. Wagner Victer, que ocupa a presidência da Cedae desde 2007, espera que seu “fardo” fique mais leve no próximo verão: R$ 2,4 bilhões investidos em obras, numa parceria com o governo do estado, darão resultados a partir deste ano, para ajudar a acabar com a falta d’água que enfurece cariocas e fluminenses, principalmente nas Zonas Norte e Oeste e na Baixada. “O ano de 2015 vai ser de melhorias em muitos pontos significativos”, disse Victer, em conversa exclusiva com O DIA.

Do aumento da demanda por conta do calor excessivo aos ‘gatos’ de água, passando por problemas de energia elétrica que afetam a estação Guandu, Victer identificou várias razões para o fato de as torneiras estarem secas em vários pontos da Região Metropolitana. Mas garante que já foi pior. “O nível dos problemas é menor do que em outros anos. Nós planejamos o aumento da demanda, fizemos ações desde outubro”, argumenta.

Victer aponta aumento da demanda por conta do calor%2C ‘gatos’ de água e queda de energia elétrica na estação Guandu como causas da secaDivulgação

As áreas diagnosticadas como mais críticas em relação ao abastecimento ficam em Nova Iguaçu e Duque de Caxias. “Temos um plano e vamos levar água para onde não há, como em Rodilândia, Nova Iguaçu, onde obras já começaram. Campos Elíseos e Jardim Primavarera, em Caxias, também serão atendidos.”

Os problemas de muitas áreas que estão sem água desde o Natal são estruturais, e quase sempre ocorrem em áreas altas, garante Victer. “Já substituímos mais de mil quilômetros de rede obstruídas, e vamos trocar mais 600 em breve.”

Começaram ontem as obras de reativação do reservatório de Bangu, que atenderão Realengo, Padre Miguel e Senador Camará. O reservatório do Barão, na Ilha do Governador, deve entrar em funcionamento em até 90 dias. Itaguaí, Seropédica São Gonçalo também estão na fila, e devem receber obras até o fim deste mês.
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Mesmo com muito dinheiro envolvido, Victer sabe que essas obras não serão suficientes. “Não há solução mágica. Se eu resolver o problema da água para 99,9% das pessoas, o 0,1% vai reclamar, com todo o direito”.

Se depois de um dia de calor intenso não pudesse tomar banho ao chegar em casa, Victer garante que também reclamaria. “Faria o que muitos estão fazendo. A Cedae tem que ter humildade para trabalhar e corrigir os problemas”, reconhece.
Procon-RJ já registrou 123 reclamações
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De dezembro até ontem o Procon-RJ recebeu 123 reclamações contra a Cedae. No mesmo período de 2012, foram 129, a maioria por falta d’água. Ontem, agentes registraram 29 reclamações no segundo dia da Operação Vidas Secas. Equipes estiveram no Riachuelo e Vaz Lobo, na Zona Norte, e na Praça Seca, Tanque e Pechincha, na Zona Oeste, onde moradores relataram estar sem água desde dezembro.
O órgão pretende instaurar um ato administrativo contra a Cedae, exigindo que a empresa restabeleça o serviço de distribuição de água em Bangu, sob pena de multa diária. A Cedae terá 15 dias para se pronunciar sobre o ato. “Temos um relacionamento muito bom com o Procon, é um órgão que nos auxilia. Procuramos o mesmo caminho”, disse Victer.
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