Rio - Luiz Fernando Pezão tomou posse na manhã desta sexta-feira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Ele, que substitui Sérgio Cabral, que deve candidato ao Senado, fez o juramento como determina a Constituição e declarou "estar emocionado". Em seu primeiro pronunciamento como governador, Pezão garantiu que seguirá a mesma linha de trabalho do seu antecessor.

"Pretendo continuar com a mesma plataforma que meu antecessor (Sérgio Cabral). O foco da gestão continua sendo a segurança pública, saúde, saneamento e inclusão digital", afirma.
Através do Twitter, Pezão relembrou sua trajetória na política e reconheceu que terá bastante trabalho nos próximos meses. "Sei que a missão vai ser árdua e difícil, mas vou continuar trabalhando muito para melhorar a vida da população. Podem contar sempre comigo".
Após a posse, o primeiro ato como governador de Luiz Fernando Pezão será visitar o Hospital Geral da Santa Casa de Misericórdia, no Centro, interditado há quase seis meses pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Pezão quer reabrir o espaço, voltado para assistência médica filantrópica.

“Vou fazer parcerias com a presidenta Dilma, com o prefeito Eduardo Paes, com quem for preciso para colocar 700 leitos em funcionamento e 50 médicos no hospital”, garantiu o novo governador do Rio, que pensa reabrir o hospital ainda este mês. "Não será fácil reativá-lo ainda em abril, mas contamos com ajuda da prefeitura e do governo federal", diz.
Piraí comemora seu filho mais ilustre
A pacata cidade de Piraí, no Sul Fluminense, com seus poucos mais de 20 mil habitantes, está em festa. Seu filho mais famoso, o ex-prefeito Luiz Fernando Pezão, passa a governar o Estado do Rio de Janeiro a partir de hoje. Em cada esquina da cidade, onde ele iniciou a carreira política como vereador em 1982, não se fala em outra coisa. “Era criança e me lembro dele pedindo votos nas ruas, calçando sapatos estilo Charles Chaplin. Vê-lo agora governador é um orgulho para nós, conterrâneos”, afirma o PM Wanderson Ramos, de 31 anos. “Foi um dos melhores chefes que já tive”, atesta a servidora da prefeitura local, Nágila Amory, 65.

Nos botequins, lugares que o governador não deixa de bater cartão quando está na cidade natal, o clima de euforia é maior. “Ele sempre frequentou meu bar. Recebê-lo como governador será uma honra”, diz Luiz Geraldo Teixeira, 65, mostrando o prato com o petisco predileto do novo governador: torresmo. Para o dono do Bar do Zé Luiz, José Luiz Lores, 66, um dos melhores amigos de Pezão, a humildade e simplicidade do “homem que revolucionou a cidade” com o Piraí Digital, emocionam: “Há 28 anos ele vem aqui, de chinelos e bermuda. Adora jogar sueca e contar piadas.”
Inaugurações e obras por todo o estado
A agenda de Pezão estará repleta de inaugurações de obras importantes até o fim do ano. Segundo a Secretaria Estadual de Obras, o programa Bairro Novo, por exemplo, deverá terminar a remodelação de 2.265 ruas em 19 cidades neste ano. Já o Arco Metropolitano, que vai ligar Itaguaí a Itaboraí e mudar o trânsito da Região Metropolitana, tem a abertura prevista para o final de maio.
No mesmo mês, deve ser aberto o Hospital Regional do Paraíba do Sul. No segundo semestre, será a vez do Hospital de Valença. Também está prevista a chegada de 60 novos trens, sete barcas, a reforma de 13 delegacias e a abertura de 12 clínicas da família em cidades como Rio Bonito, Três Rios e Búzios. Para o cientista político Ricardo Ismael, da PUC-RJ, Pezão poderá tirar proveito disso nas eleições: “Mas só obras não adiantam. Ele não é conhecido do eleitorado fluminense. Seu desafio é defender um governo que termina mal e provar que pode sair da sombra de Cabral.
Agenda é trocada por agradecimentos
Eram exatamente 16h37 quando Sérgio Cabral deixou oficialmente de ser o governador do Rio de Janeiro. Uma carta de 61 palavras, que chegou 30 minutos antes do início da sessão, lidas pelo presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Paulo Melo (PMDB), sintetizou a saída do primeiro governador reeleito da história do estado, que deixa a administração em baixa, após sua aprovação cair de 55% para 20% segundo o Datafolha.
No plenário, nenhum parlamentar pediu a palavra. Clarissa Garotinho (PR), mostrou um cartaz que dizia “já vai tarde”. Para Marcelo Freixo (Psol), Cabral apenas oficializou a saída. “Ele já não era governador há tempos”, resumiu. Cabral não compareceu à sua última agenda externa — a inauguração das obras do campus da Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste, em Campo Grande. O motivo foram compromissos com sua equipe.
Na quarta-feira, foram os agradecimentos aos funcionários da sede do governo, junto com seu sucessor, Luiz Fernando Pezão, e o secretário da Casa Civil, Regis Fischer. O PMDB quer lançá-lo ao Senado, em outubro. O ex-governador, porém, já admite concorrer a deputado.
Dia de renúncias e exonerações
Em seu último dia como governador, Cabral exonerou 14 dos seus 25 secretários, que deixam o cargo para concorrer às próximas eleições. Os novos secretários devem ser nomeados hoje por Pezão. Na lista dos exonerados, está o da Casa Civil, Régis Fichtner, que será substituído por Leonardo Espíndola. Júlio Lopes, de Transportes, passará a função para a subsecretária Tatiana Vaz Carius.
Além deles, foram destituídos os secretários Wilson Carlos Carvalho (Governo), Gustavo Reis Ferreira (Ciência e Tecnologia), Rafael Picciani (Habitação), Indio da Costa (Ambiente), Christino Áureo (Agricultura e Pecuária), Felipe dos Santos Peixoto (Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca), Pedro Henrique Fernandes (Assistência Social e Direitos Humanos), André Luiz Lazaroni (Esporte e Lazer), Ronald Abrahão Ázaro (Turismo), Marcus Vinicius de Vasconcelos Ferreira (Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida), Cidinha Campos (Proteção e Defesa do Consumidor) e Filipe de Almeida Pereira (Dependência Química).
O prefeito Eduardo Paes também exonerou parte do secretariado: Rodrigo Bethlem (Governo), Pedro Paulo Carvalho (Casa Civil), Alexander Costa (Ordem Pública), Carlos Osório (Transportes) e Cristiane Brasil (Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida).
Outros seis governadores abriram mão do mandato: Antonio Anastasia (PSDB), de Minas Gerais; Eduardo Campos (PSB), de Pernambuco; Simão Jatene (PSDB), do Pará; Anchieta Júnior (PSDB), de Roraima; Wilson Martins (PSB), do Piauí; Silval Barbosa (PMDB), do Mato Grosso, e Roseana Sarney (PMDB), do Maranhão.