Por thiago.antunes

Rio - Existe algo mais chato do que quando a gente sofre uma injustiça ou mesmo presencia alguém sendo injustiçado? Por dentro de nós sobe uma espécie de indignação, não é mesmo? Porque procurar o equilíbrio do que é justo é um valor humano e social que está entranhado em nosso ser.

Não é raro observarmos que nos grupos sociais dos quais fazemos parte, como o do trabalho, o dos amigos, e até mesmo o familiar e o de igreja, quem pratica a injustiça geralmente advoga em causa própria, com o propósito de conseguir mais benefícios para si do que para os outros. E a gente vê isso nas situações simples do dia a dia, como quando um membro da família come mais bifes, sem pensar na pessoa que vai chegar depois para almoçar, ou quando um colega de trabalho, que tem a responsabilidade das escalas de plantões, prioriza seus compromissos e sobrecarrega os demais.

Por que será que injustiças acontecem? Já parou para pensar nisso? Eu, cada vez mais, chego à conclusão de que é porque sofremos de “umbiguismo”; ou seja, queremos olhar só para o nosso umbigo, para nós mesmos, e esquecer do outro. No entanto, isso é radicalmente contrário ao ensinamento que Jesus nos deixou: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (MT 22,39). Ora, quem ama o outro como a si mesmo deseja para ele o mesmo bem que para si próprio e não comete injustiças!

Assim, à luz da Carta de São Paulo aos Coríntios, precisamos, conforme o pedido de nossa Arquidiocese para que tenhamos atitudes concretas de solidariedade aos irmãos, nos conscientizarmos de que a caridade:“Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade” (I Cor 13,6).

É preciso que eu e você possamos notar que não é possível mudar o mundo de uma vez e corrigir todas as injustiças que ocorrem ao nosso redor. Mas que é possível, sim, fazer com que esse movimento social comece a partir de mim. Eu não tenho como obrigar os outros a agir diferente, mas eu mesmo posso ser diferente. E partilho que já experimentei que, por procurar ser justo com algumas pessoas, na hora em que elas tiveram a oportunidade também foram justas comigo. A justiça praticada não é esquecida! E ela inspira o desejo de retribuição. Isso é real e lindo! É fácil ser justo? Não é.

Nosso primeiro impulso é o de optar pelo egoísmo, por nosso único e exclusivo bem-estar. Mas a consciência cristã pode nos ajudar a reagir diferente, porque sabemos que nossas pequenas renúncias ajudam na construção da civilização do amor, testemunham a fé. A justiça produz alegria no coração de quem a põe em prática. Experimente!

Vemos a expressão dessa alegria nos profissionais que abraçaram o Direito e que desenvolvem um belíssimo trabalho em várias paróquias, para orientação e defesa gratuitas de membros de nossas comunidades que não têm como arcar com honorários profissionais. Tal doação dos dons e talentos em favor do próximo é um exemplo que merece nosso aplauso e gratidão. Eu quero ter a coragem de pensar no outro antes de pensar em mim. E você, aceita esse lindo desafio? ‘Tamu junto’!

Padre Omar é é o Reitor do Santuário do Cristo Redentor do Corcovado. Faça perguntas ao Padre Omar pelo e-mail padreomar@padreomar.com. Acesse também www.padreomar.com e www.facebook.com/padreomarraposo

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