Rio - Duas pessas acusadas de torturar o policial militar Lucas Falco dos Santos Barreto, lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, e que estava desaparecido desde a noite de segunda-feira, foram presas na tarde desta terça por policiais da 75ª DP (Rio d'Ouro) com apoio do 7º BPM (São Gonçalo). Um deles, segundo os agentes, tem apenas 12 anos. Erick de Almeida Rodrigues, o Bodão, seria o chefe do bando que atacou o policial.
Com ele e com o menor que foi apreendido, foram encontrados um revólver 38, 18 balas calibre 9mm, três rádiostransmissores, quatro celulares, um soco inglês, uma faca, 75 cápsulas de cocaína e um saco com aproximadamente 200 gramas de cocaína. O delegado Henrique Pessoa, titular da 75ª DP, autuou Bodão em tráfico de drogas e tentativa de homicídio e citou o menor em fato análogo aos mesmos crimes. Ele contou que os dois confessaram participação na tortura do PM, mas alegaram que ficaram apenas na “contenção”.
“Eles disseram que ficaram apenas tomando conta para observar se alguém se aproximava do local, enquanto os comparsas, a quem identificaram como D2 e Loirinho, espancaram e efetuaram os disparos contra o policial”, declarou, afirmando que duas armas foram utilizadas – a própria pistola 380 do soldado e um revólver 38.

Lucas foi resgatado na manhã desta terça-feira por um helicóptero do Grupamento Aeromarítimo. Ele estava dentro da mata no bairro Rio do Ouro, em São Gonçalo, Região Metropolitana, e segundo os médicos que realizaram os primeiros atendimentos, o PM levou cerca de dez tiros. O homem estava lúcido quando foi encontrado, e em seguida transferido para o Hospital Central da corporação, no Estácio, Zona Norte do Rio.
“O policial conseguiu resistir no frio, na mata, com uma fratura grave, por mais de 14 horas. Agora continuaremos as investigações com o objetivo de identificar os outros envolvidos”, finalizou o delegado, pedindo que quem tiver qualquer informação que auxilie a Polícia e ajude na identificação e localização dos outros bandidos ligue para o Disque-Denúncia, através do telefone 2253-1177. Não é preciso se identificar e o anonimato é garantido.
Encontrado por coveiro
No início da noite de segunda-feira, Lucas, que também é baixista de uma banda gospel, passava com seu carro na Rodovia Amaral Peixoto, quando o veículo enguiçou na altura da Favela do Arrastão, em São Gonçalo. Ele falou com seu pai ao telefone e pediu ajuda num posto de combustível onde o carro estava parado.
O policial foi encontrado por Renato Batista de Oliveira, de 36 anos, que trabalha há seis anos como coveiro num cemitério de animais, próximo ao local onde ocorreu o atentado. Ele escutou o pedido de socorro e foi ver o que era.
"Cheguei para trabalhar hoje cedo e por volta das 8h, ouvi um pedido de socorro. Fiquei com receio, por achar que era um bandido, mas fui até lá. Ele pedia muita água, mas não dei pois se sentia muito fraco".
Segundo Renato Batista, o carro do PM havia ficado sem combustível. Ele foi ao posto com um galão e quando retornou, foi pego pelos traficantes. O policial teria se jogado de uma ribanceira no momento em que era baleado pelos bandidos.
Policiais da Divisão de Homicídios (DH) de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí estão periciando o local onde o PM foi encontrado. De acordo com a Polícia Militar, quando o pai de Lucas chegou ao local encontrou somente o veículo. O frentista que trabalha no posto disse ter visto apenas o momento em que o PM seguiu em direção ao carro. Lucas entrou na corporação em novembro de 2011, está lotado na P2 da UPP Rocinha desde setembro de 2012. Ele é o 74º policial baleado no Estado do Rio somente este ano. Destes, 26 morreram. Do total, 46 estavam de serviço.