Rio - O que seria dos eletrodomésticos e da decoração das nossas casas sem a existência do suporte? Já pensou nisso? Qualquer suporte tem função de sustento, de ajuda na organização do ambiente, e proporciona um conforto maior para seus usuários. Mas o que será que você pensa quando vê que a Palavra de Deus, no belíssimo texto de São Paulo, ensina que a caridade “tudo suporta” (ICor13,7b)?
Parece que o primeiro caminho que a nossa mente percorre é o de achar que a caridade aguenta tudo, tolera qualquer coisa. Não é assim? Mas é fato que a beleza desse texto está na profundidade do verbo ‘suportar’, que, na prática, pode ser muito mais do que apenas ‘segurar o tranco’. A caridade nos leva a ser suporte para os nossos irmãos, com características muito parecidas às dos suportes para eletrodomésticos. Já viu por esse prisma?
Um suporte precisa estar fixado numa base firme. Essa superfície é que o segura. E, uma vez fixo, ele sustenta o que a ele for acoplado. Eu e você precisamos ter a coragem de sermos suportes para os nossos irmãos. Porque temos uma base firme, que é Deus — que nos segura, que cuida de nós, que nos forma e direciona. E a presença do Senhor em nós é atrativa para que muitos se aproximem. É o próprio Espírito Santo quem acopla outros a nós. E é o que temos a dar que vai sustentar cada um, seja apenas na fé ou no concreto da vida. Podemos ser base concreta para que outros organizem a própria história!
Conhece alguém que vai sempre atrás dos seus conselhos? Alguém que é motivado pelo brilho do seu olhar ou do seu sorriso? Que busca seus conhecimentos, sejam quais forem, para as tarefas do dia a dia? Ou que cotidianamente bata à porta da sua casa pedindo um prato de comida ou roupas? E alguém que vive enrolado financeiramente e te pede dinheiro emprestado? Você é suporte para cada uma dessas pessoas!
Uma história de vida me marcou: um missionário se doou na ajuda a crianças e adolescentes envolvidos com o tráfico. Ele levou alguns meninos para dentro da própria casa e mudou a vida deles! Tempos depois, um desses meninos, ao saber de um valor alto de doação recebido para a manutenção da casa deles, o sequestrou, levou ao banco e, sob a ameaça de um facão, o fez sacar a quantia. Não satisfeito, ele levou o missionário para uma estrada deserta e cortou sua jugular. Felizmente, um carro apareceu no local e o socorreu. Ele sobreviveu e ficou com uma imensa cicatriz no pescoço. No entanto, embora ele tenha sido aconselhado por muitos a abandonar a missão, sua resposta foi outra:
“Se Deus permitiu que eu sobrevivesse é porque os outros meninos ainda precisam de mim. Eu não tenho o direito de deixar de ser sustento para a vida nova que eles podem ter simplesmente porque uma pessoa errou e me decepcionou”.
Eu preciso reconhecer que não posso querer viver só para mim, porque o Senhor me constituiu como suporte para tantos. E você? Está disposto à linda missão de sustentar, com o que você é, as necessidades daqueles irmãos que Deus levar a você? ‘Tamu junto’!