Rio - Após várias contradições no depoimento que prestou à Polícia Civil, o porteiro Joelso José de Souza, de 39 anos, foi apresentado nesta terça-feira como principal suspeito da morte de Andréa Lima da Silva, de 40, assassinada por asfixia no domingo, em um prédio no Barreto, Niterói. Condenado por outros crimes e suspeito de estupro, em 2004, em Nova Friburgo, na Região Serrana, Joelso foi preso por policiais da Divisão de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí.
A dona de casa, que estava desaparecida desde a madrugada de domingo, quando foi deixada em frente ao edifício pelo namorado por volta das 2h30, só foi encontrada na tarde de segunda-feira, na casa de máquinas do prédio. Segundo os policiais, ela foi asfixiada pelo pescoço com fita adesiva e levou golpe de faca na primeira vértebra da coluna. Além disso, ainda foi golpeada em outras partes do corpo. A polícia investiga agora se ela foi violentada sexualmente antes da morte.

“Hoje a minha revolta é contra o condomínio. Como contrata uma pessoa como esta? Eu liguei para ele (Joelso) depois do desaparecimento. Ele me disse que achava que não a conhecia e que a entrada dela poderia ter sido na hora do jantar dele”, disse a filha da vítima, Bruna Silva, de 20, que chegou a enviar foto da mãe ao acusado em busca de ajuda.
Mas a frieza do suspeito foi ainda maior diante da família. Com cara de tristeza, ele chegou a abraçar o filho de Andréa, Lucas, de 17. “Ele apertou minha mão e me deu os pêsames. Nunca foi um porteiro simpático, mas falava quando chamado”, completou Lucas. Condenado a 12 anos de prisão por tráfico e roubo, Joelso estava em liberdade há 1 ano e 8 meses e conseguiu o emprego de porteiro, graças à esposa, funcionária do prédio. Ele ainda usava a tornozeleira de monitoramento da Secretaria de Administração Penitenciária.
O delegado Marcus Amim apontou as contradições do suspeito como peça- chave da investigação. Joelso contou que havia sido chamado para socorrer uma família presa no elevador, versão não registrada por ninguém no prédio.
“Um outro colega disse que, pouco depois do fato, ele chegou na portaria esbaforido, sujo e assustado. Ele ainda colocou um pano no portão para que outros moradores não ficassem do lado de fora e percebessem sua ausência”, explicou o delegado. Cerca de 60 pessoas estiveram no funeral, nesta terça, no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo.
Ex-colega diz ter sido alvo do preso
Joelso ainda é suspeito de ter abusado de outras duas mulheres no mesmo prédio. Uma ex- funcionária do condomínio compareceu à DH de Niterói e reconheceu o acusado. Ela informou que foi estuprada por ele no ano passado, mas, após não ser levada a sério por seus chefes, foi demitida e preferiu não registrar, na época, o caso.
“No outro caso, na Semana Santa, um homem, com touca ninja, que pode ser ele, estuprou uma mulher no elevador. A partir daí os porteiros foram informados de que deveriam conduzir os moradores até a porta de casa”, completou o delegado Marcus. Os familiares de Andréa, que morava há dois anos no edifício, contaram que não descartam processar o condomínio. “Vamos analisar com calma e ver o que os filhos querem fazer. Mas é claro que faltou segurança. Circuitos de TV poderiam ter inibido o suspeito”, desabafou o ex-marido Marcelo Sales, de 49.