Por thiago.antunes

Rio - O porteiro Joelso José de Souza, de 39 anos, acusado de matar Andréa Lima da Silva, de 40, por asfixia no domingo, em um prédio no Barreto, em Niterói, estava com a tornozeleira de monitoramento desligada. A informação foi confirmada pela Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap), que relatou estar sem comunição com Joelso desde o dia 17 de fevereiro. Desde então, segundo o órgão, ele foi considerado evadido do sistema.

Joelso é acusado de matar dona de casa em prédio no BarretoDivulgação

Ainda segundo a Seap, a obrigação de carregar o aparelho de monitoramento seria do acusado. O fato foi comunicado à Vara de Execuções Penais (VEP). Com a falta de monitoramento, não seria possível identificar o deslocamento do porteiro no horário do crime. Segundo o delegado responsável pela investigação, Marcus Amin, um líquido retirado da vagina de Andréa está sendo confrontado com o material genético de Joelso.

“Esse exame deve ficar pronto nos próximos dias. Através dele ainda poderemos configurar se houve violência sexual”, detalhou o delegado Marcus. Condenado por outros crimes e suspeito de estupro, em 2004, em Nova Friburgo, na Região Serrana, ele foi preso por policiais da Divisão de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí.

Joelso também foi condenado a 12 anos de prisão por tráfico e roubo e estava em liberdade há 1 ano e 8 meses e conseguiu o emprego de porteiro, graças à esposa, funcionária do prédio.

Agentes da Divisão de Homicídios suspeitam que zelador tenha assassinado Andreia Lima da Silva%2C de 40 anos%2C no condomínio onde ela morava%2C em NiteróiReprodução Facebook

Golpe de faca na coluna e asfixia

O corpo da vítima foi sepultado na tarde de terça-feira, em São Gonçalo. Durante a cerimônia, parentes afirmaram que pensam em processar o condomínio pela contratação do suspeito e pela falta de segurança nos edifícios.

“Ela estava toda contente com o Dia das Mães (domingo). Eu pagaria o cinema e meu irmão o lanche. Agora não teremos mais nada”, desabafou a filha, Bruna Silva, 20.

Andreia, que estava desaparecida desde a madrugada de domingo, quando foi deixada em frente ao edifício pelo namorado por volta das 2h30, só foi encontrada na tarde de segunda-feira, na casa de máquinas do prédio. Segundo os policiais, ela foi asfixiada pelo pescoço com fita adesiva e levou golpe de faca na primeira vértebra da coluna. Além disso, ainda foi golpeada em outras partes do corpo. A polícia investiga agora se ela foi violentada sexualmente antes da morte.

“Hoje a minha revolta é contra o condomínio. Como contrata uma pessoa como esta? Eu liguei para ele (Joelso) depois do desaparecimento. Ele me disse que achava que não a conhecia e que a entrada dela poderia ter sido na hora do jantar dele”, disse a filha da vítima, Bruna Silva, de 20, que chegou a enviar foto da mãe ao acusado em busca de ajuda.

Mas a frieza do suspeito foi ainda maior diante da família. Com cara de tristeza, ele chegou a abraçar o filho de Andréa, Lucas, de 17. “Ele apertou minha mão e me deu os pêsames. Nunca foi um porteiro simpático, mas falava quando chamado”, completou Lucas.

O delegado Marcus Amim apontou as contradições do suspeito como peça-chave da investigação. Joelso contou que havia sido chamado para socorrer uma família presa no elevador, versão não registrada por ninguém no prédio.

“Um outro colega disse que, pouco depois do fato, ele chegou na portaria esbaforido, sujo e assustado. Ele ainda colocou um pano no portão para que outros moradores não ficassem do lado de fora e percebessem sua ausência”, explicou o delegado. Cerca de 60 pessoas estiveram no funeral, nesta terça, no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo.

Ex-colega diz ter sido alvo do preso

Joelso ainda é suspeito de ter abusado de outras duas mulheres no mesmo prédio. Uma ex- funcionária do condomínio compareceu à DH de Niterói e reconheceu o acusado. Ela informou que foi estuprada por ele no ano passado, mas, após não ser levada a sério por seus chefes, foi demitida e preferiu não registrar, na época, o caso.

“No outro caso, na Semana Santa, um homem, com touca ninja, que pode ser ele, estuprou uma mulher no elevador. A partir daí os porteiros foram informados de que deveriam conduzir os moradores até a porta de casa”, completou o delegado Marcus. Os familiares de Andréa, que morava há dois anos no edifício, contaram que não descartam processar o condomínio. “Vamos analisar com calma e ver o que os filhos querem fazer. Mas é claro que faltou segurança. Circuitos de TV poderiam ter inibido o suspeito”, desabafou o ex-marido Marcelo Sales, de 49.

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