Por thiago.antunes

Rio - Além do sofrimento pela morte de Johnatha de Oliveira Lima, de 19 anos, atingido por tiro nas costas em meio a patrulhamento de policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na Favela de Manguinhos, quarta-feira, familiares e amigos ainda passaram por constrangimento, na tarde desta quinta-feira. No Cemitério do Caju, na Zona Portuária, quando iam sepultar o corpo do rapaz, coveiros retiraram, diante de cerca de 250 pessoas, outro cadáver da cova rasa onde o jovem seria enterrado.

Cerca de 250 pessoas acompanharam o enterro de Johnatha%2C no CajuPaulo Araújo / Agência O Dia

“Não vou deixar enterrarem o meu neto aí! Isso é uma falta de respeito!”, protestou a avó de Johnatha, a pensionista Maria José Gomes de Oliveira, de 55. Os coveiros cederam à pressão e enterraram o jovem em outra cova. No funeral, dezenas de amigos usavam camisetas com fotos de Johnatha estampadas. A pedagoga Ana Paula Gomes de Oliveira, de 37 anos, mãe do rapaz, ficou a maior parte do velório ao lado do caixão.

“Não vou deixar que fiquem denegrindo a imagem do meu filho. Ele é a vítima, não é bandido! Atiraram e o deixaram caído no chão”, desabafou, emocionada. Johnatha tinha o seu próprio quarto há apenas sete meses, quando a família se mudou para uma casa maior.

Ele deixou o Exército em dezembro do ano passado e ajudava a mãe a cuidar da bisavó, que é cadeirante e tem 86 anos, e de uma tia com deficiência visual. “Era ele que a pegava no colo para levar ao banheiro. Era um menino carinhoso”, lembrou a avó Maria José. Amigos criaram uma página no Facebook chamada ‘Eterno Johninha’, que teve 482 curtidas até o fim da noite desta quinta.

Moradores contam que houve um tumulto com policiais da UPP, que chegaram a ser apedrejados. Mas, segundo eles, Johnatha apenas passava pelo local na hora da confusão, quando foi atingido ao correr em meio aos tiros dados pelos PMs.

Já na versão dos policiais da UPP, houve um confronto com traficantes da Favela de Manguinhos.
A DH fez uma perícia de local e apreendeu 12 armas usadas pelos policiais da UPP — nove pistolas e três fuzis. “Estamos tentando identificar a dinâmica do fato. Com isso, poderemos fazer uma reconstituição”, disse o delegado Rivaldo Barbosa.

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