Rio - "Esses assassinos atiraram nele e ainda querem falar que meu filho deu tiro neles. Atiraram e deixaram meu filho caído no chão". As palavras, ditas entre lágrimasm são de Ana Paula de Oliveira, 38 anos, mãe de Jonatan de Oliveira, 19 anos, baleado e morto no fim da tarde de quarta-feira na Favela de Manguinhos. Na tarde desta quinta-feira, cerca de 100 pessoas, entre amigos e familiares, compareceram à Capela L do Cemitério do Caju para se despedir do rapaz.
"Os amigos do meu filho que socorreram e levaram o corpo pra UPA. Eu quero justiça", desabafou Ana Paula. Entre os presentes, estão colegas de Jonatan no Exército, que usam camisetas do jovem usando seu uniforme das Forças Armadas. A mãe permaneceu ao lado do caixão com a camiseta do Flamengo nos ombros, time pelo qual o filho torcia.
Com a morte do jovem em Manguinhos, parte do comércio da região não funcionou nesta quinta-feira. A Secretaria Municipal de Educação afirmou que 146 alunos de uma creche do bairro ficaram sem aulas na parte da tarde
Morto durante operação
Jonatan foi morto durante operação de policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de Manguinhos, na comunidade nesta quarta-feira, será sepultado nesta quinta, às 15 horas, no Cemitério do Caju. De acordo com a assessoria das UPPs, policiais estavam em patrulhamento pela localidade do Barrinho quando se depararam com criminosos armados iniciando um confronto.
No local foi apreendida grande quantidade de drogas e os criminosos fugiram. A ocorrência foi registrada na 21ªDP (Bonsucesso). Após esta ocorrência, policiais do 22ºBPM (Maré) avisaram a UPP sobre a entrada de um homem baleado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos. Os policiais foram até a unidade de saúde e o reconheceram como sendo o autor dos disparos contra os policiais da UPP.
Pelo menos 60 moradores fizeram um protesto em frente à base avançada na Favela da Coréia, que pertence à UPP. Policiais do 22ºBPM, Batalhão de Operações Especiais (Bope), Choque e de outras UPPs foram deslocados para o local. O tumulto foi contido e as vias ficaram interditadas por precaução.
A tia de Jonatan, Alessandra de Oliveira, 30 anos, contou que ele havia acabado de sair de casa quando houve uma confusão na comunidade e PMs começaram a atirar. Um dos disparos acertou o rapaz nas costas. Moradores, no entanto, afirmam que o jovem havia abandonado a atividade militar há alguns meses. E, por isso, ele já estaria na condição de desertor.