Por thiago.antunes

Rio - Hoje é o Dia do Gari e há mais um motivo de festa para eles este ano: depois das montanhas de lixo que soterraram a cidade no Carnaval passado, quando a categoria entrou em greve, o povo se deu conta da grande importância desses profissionais e passou a respeitá-los ainda mais.

Tanto, que o fato gerou até mudança de comportamento na população. Agora, quando um caminhão de lixo está no meio da rua impedindo a passagem de outros carros, na hora da coleta, é menos comum alguém ficar buzinando freneticamente atrás dele, como antes acontecia.

“Mudou muito mesmo depois da greve. Ainda há quem buzine, mas a maioria aguarda com paciência”, afirmou Felipe Silva do Nascimento, 30 anos, oito como gari da Comlurb, que na quarta-feira à noite recolhia lixo na Rua dos Inválidos, na Lapa. “Antes era um inferno”, arrematou o motorista da equipe Luiz Carlos Tavares, de 60 anos.

Danusa entrou na Comlurb no mesmo ano em que passou no vestibular%3A nas pausas do trabalho%2C ela estudaAlessandro Costa / Agência O Dia

Embora a população sempre tenha mostrado carinho e respeito pelos garis, a profissão ainda carrega certos preconceitos. Um deles tem relação direta com o grau de escolaridade. Atire o primeiro saco de lixo aquele que nunca ouviu a frase “quem não quer estudar, vira lixeiro”. Mas isso também é vassourada passada. Para os que ainda teimam em citar essa máxima, vai um jato de água perfumada da Comlurb: o quadro de garis da empresa está recheado de universitários.

Rosane%3A xodó nas ruas da TijucaAlessandro Costa / Agência O Dia

“Passei no concurso da Comlurb na mesma época que entrei na faculdade de Sistemas de Informação”, ressaltou a gari de varrição Danusa Chagas Tito, de 27 anos, que aproveita qualquer momento livre para se debruçar sobre os livros.

A moça tem gás. Mora em Campo Grande, acorda às 3h30, pega o trem uma hora depois, chega na Comlurb pouco antes antes das 6h e trabalha até as 14h30. Dali, vai para a biblioteca da faculdade. Mais tarde assiste as aulas e chega em casa por volta da meia-noite.

Como ela, o colega Carlos Roberto da Silva resolveu voltar a estudar e conquistou uma vaga de gerente adjunto há dois anos. “Entrei como gari em 1995, com o Ensino Fundamental incompleto. Retomei os estudos e agora curso Administração de Empresas. Quero crescer muito mais profissionalmente”, orgulhou-se Carlos Roberto.

Esbanjando simpatia

A gari Rosane Cardoso da Silva, 39 anos de idade e 15 na Comlurb, é uma unanimidade: aonde vai, sempre esbanjando simpatia. Entre uma vassourada e outra, a morena conquista toda a galera.

Rosane já foi entrevistada pelo DIA no ano passado, quando era designada para a varrição da Rua Desembargador Isidro e adjacências, na Tijuca. Ontem, ela estava na Rua Deputado Soares Filho. “A gente tem que ser educada, carinhosa e comunicativa com as pessoas”, ensina a bela morena de 1,83m de altura.

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