Por thiago.antunes

Rio - Um país tolerante, miscigenado, com uma hospitalidade conhecida internacionalmente e um jeitinho único de resolver os problemas. Com uma Copa do Mundo repleta de obras incompletas e atrasadas, o legado que o Brasil vai deixar após o Mundial será de um povo receptivo, pois o de país que seguiu à risca as promessas da candidatura não tem mais como entrar para o histórico do torneio. Foi com este pessimismo que o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, lamentou pelas “decepções e vergonha” que virão durante o evento.

“Precisamos receber bem, apesar dos erros que teremos, mas faz parte da nossa cultura da improvisação, do ‘jeitinho brasileiro’. Temos que mudar isso e aprender a planejar a médio e longo prazos para que possamos melhorar nosso país. E que a gente possa passar, pelo menos se não conseguirmos receber da forma adequada, esse sentimento de brasilidade que temos na cultura”, afirmou Nardes, que participou, no Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), da inauguração do site Fiscaliza Rio 2016, junto com o governador Luiz Fernando Pezão e o prefeito Eduardo Paes.

Um dos pontos positivos destacados ontem no Rio foi a reforma do Maracanã um ano antes do prazoReprodução

A presidenta Dilma Rousseff também apelou ontem, no seu discurso em Brasília, para que a população receba bem os turistas. “Acredito que esse compromisso de brasileiros, homens e mulheres, com a boa recepção dos que vierem nos visitar, é algo que faz parte da cultura, da alma e do ânimo do povo brasileiro”, afirmou no lançamento do Compromisso pelo Emprego e Trabalho Decente na Copa do Mundo Fifa Brasil 2014.

No evento do TCE, foi lembrado que o Rio conseguiu terminar o Maracanã um ano antes do Mundial. “Estamos a 20 e poucos dias da Copa e o estádio de abertura ainda está colocando o telhadinho. Isso gera uma insegurança compreensível”, afirmou Paes. Para Nardes, “boa parte das cidades” não está preparada para a Copa. Ele citou o Rio — por causa do Aeroporto do Galeão —, São Paulo, Cuiabá, Fortaleza e Belo Horizonte.

“Teremos decepções na Copa. Cuiabá parece uma praça de guerra”, disse o presidente do TCU, ao se referir à Arena Pantanal, que está inacabada. Ele afirmou ainda que uma das preocupações para a Olimpíada é o metrô do Rio. 

Entrega das obras do Metrô para as Olimpíadas de 2016 preocupam Augusto Nardes, presidente do TCUJosé Pedro Monteiro / Agência O Dia

O portal Fiscaliza Rio (www.fiscalizario2016.gov.br), que pode ser visto em inglês e espanhol, permite o acompanhamento dos gastos, execução de projetos, legado e notícias sobre a Olimpíada. As informações são enviadas pelos tribunais de Contas da União, do Estado e do Município. O site é interativo. Quem acessá-lo pode postar comentários, dúvidas e denúncias.

Pezão: controle de estradas federais

Ao comentar sobre o plano de ocupação de comunidades ainda não pacificadas até 2018, que está sendo elaborado pela Secretaria de Segurança, o governador Luiz Fernando Pezão defendeu um maior controle nas estradas federais que cortam o estado e chegou a afirmar que até mesmo a Polícia Militar poderia assumir essa função.

“Não vamos fazer nada agora. Mas é algo que estou começando a estudar. Pode haver uma parceria com o governo federal, como a que temos com o uso do Exército na Maré”, adiantou. Segundo o governador, as favelas não produzem cocaína nem armas. Então, para Pezão, é necessário haver uma política nacional de segurança para tratar desses temas. “Queremos estimular ideias”, acrescentou.

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