Por tiago.frederico

Rio - Cerca de 200 pessoas marcharam neste domingo pela orla de Copacabana, onde pediram mais atenção da sociedade e do governo do estado com a vida e a segurança dos policiais militares. Muitas mulheres e crianças, familiares de PMs, deram um tom de emoção à caminhada.

“A intenção é conscientizar a sociedade de que somos vítimas da mesma violência a que estamos combatendo”, declarou a cabo Flávia Louzada, organizadora do evento batizado como ‘A vida do policial é sagrada como toda vida é’.

>>>GALERIA: Passeata em Copacabana homenageia policiais mortos e baleados

Cerca de 200 pessoas%2C incluindo policiais militares%2C familiares e amigos%2C participaram de uma caminhada em Copacabana%2C em homenagem aos policiais mortos e baleadosCarlos Moraes / Agência O Dia

Segundo ela, no ano passado, 81 PMs foram mortos e 217 ficaram feridos. Este ano, em cinco meses, 31 morreram e 187 sofreram ferimentos. Procurada, a assessoria da PM informou que os números oficiais são 44 mortos e 620 feridos em 2013. E, de janeiro deste ano até agora, 30 mortos e 220 feridos (a conta inclui PMs de serviço e de folga).

Pais, esposas, filhos e parentes compartilharam suas perdas de cima do carro de som da manifestação. A diarista Maria Rosalina, de 60 anos, foi uma delas. Ela se emocionou ao falar da filha, a policial Alda Rafael Castilho, morta em fevereiro, no Complexo da Penha.

“Enchi um tanque de sangue enquanto lavava a farda da minha filha. Ela está morta, mas temos muitos policiais vivos que precisam de condições para trabalhar”,, disse a mãe, que completou: “Para receber a pensão da minha filha, preciso provar que ela morreu em confronto. Fui onde ela trabalhava e vi o quanto ficava exposta”.

Essa é uma queixa que ecoa entre a maioria dos parentes. “A burocracia é enorme e ainda não consegui receber a pensão da minha filha”, desabafou Andrea Gomes, de 42. Mãe da adolescente Juliana e viúva do sargento Eduardo Rogério Soares, ela, que está desempregada, luta na Justiça para receber o auxílio desde fevereiro, quando seu companheiro foi assassinado em um posto de gasolina após ser identificado por ladrões.

'Quando morre um policial, é como se morresse um bandido'

?Mesmo recebendo apoio psicológico, Michele Moura, de 26, e mãe de Caio, de 7, também enfrenta problemas relacionados à pensão. “A família e amigos do meu marido estão me ajudando”, contou ela, que perdeu o marido baleado, dentro de viatura, em 29 de março. “Ele morreu trabalhando, mas quando morre um policial aqui, é como se morresse um bandido”, compara.

Por concordar com Michele, o sargento Carlos Antonio Oliveira de Aquino fez questão de comparecer ao ato com a mulher e os três filhos pequenos. “Estou aqui porque tanto o governo como a sociedade precisam nos ver como seres humanos. Também sou pai de família e preciso de proteção”.

O policial Alessander de Oliveira Silva, de 34, perdeu as duas pernas, em 2011, após uma granada ser atirada por traficantes e explodir na UPP da Coroa. “A PM só tem hospital na capital e foi muito difícil me deslocar para o tratamento, pois moro em Resende”.

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