Rio - A visita nesta quarta-feira do governador Luiz Fernando Pezão à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) mostrou que a base de apoio à sua reeleição, formada por 15 partidos, está dividida entre ficar com a candidatura da presidenta Dilma Rousseff ou seguir fileiras junto a Aécio Neves, pré-candidato do PSDB. O presidenciável tucano tem o apoio do presidente regional do PMDB, Jorge Picciani, um dos fundadores do movimento ‘Aezão’, que defende o voto em Pezão para o governo e em Aécio para a Presidência.
Aparentemente alheio à divisão do PMDB fluminense, Pezão foi ontem à Alerj para agradecer a doação de R$ 70 milhões que o parlamento fez ao estado para investir em segurança. Na véspera, o governador jantou, em Brasília, com a presidenta e a cúpula do PMDB nacional num encontro promovido pelo vice-presidente da República Michel Temer.
Durante o jantar no Palácio do Jaburu, que serviu para reforçar a aliança do PMDB com o PT para a reeleição da presidenta, Dilma afirmou ter “extrema consciência do que conseguimos realizar no Rio”. “Em poucos lugares do Brasil construímos uma parceria tão fluida. Construímos um novo Rio de Janeiro”, elogiou Dilma, ao agradecer a presença do governador e de Sérgio Cabral.

Segundo Pezão, a maioria do partido é favorável à aliança PT/PMDB e garantirá os votos necessários para o acordo durante a convenção peemedebista, marcada para o próximo dia 10. Ele reconheceu a existência de “ algumas indefinições regionais”, em estados como Ceará e Bahia. O governador não quis citar o Rio, onde a bancada regional está dividida entre os dois presidenciáveis.
“Vamos dar a maioria esmagadora à aliança com a presidenta Dilma. Depois, resolveremos os problemas de cada estado”, assegurou Pezão. O movimento ‘Aezão’, será oficialmente lançado na semana que vem, dia 5, em uma churrascaria na Barra da Tijuca. Os organizadores do encontro garantem que cerca de 400 políticos fluminenses já confirmaram presença.
A divisão do PMDB na Alerj é clara. O deputado Gustavo Tutuca disse que segue a orientação de Pezão. Seu companheiro de partido, André Lazzaroni, afirmou que vai de ‘Aezão’. Mesma posição de André Corrêa (PSD), líder de governo. Já Christino Áureo assegurou que seguirá a orientação do governador. O deputado Luiz Paulo Correa (PSDB) disse que o ‘Aezão’ é uma questão da Executiva Nacional.
Picciani diz que vaga pertence a Cabral ou Dornelles
Após duas semanas fora do estado em lua-de-mel, o presidente regional do PMDB, Jorge Picciani, retomou a coordenação política esta semana afirmando que a vaga ao Senado,na chapa de Pezão, pertence ao atual senador Francisco Dornelles (PP), caso Sérgio Cabral desista de concorrer. Conforme publicou ontem o ‘Informe do DIA’, esta vaga não deverá ser preenchida por Ronaldo Cezar Coelho, uma indicação de Indio da Costa, presidente do PSD.
Era uma forma de o partido participar do ‘chapão’ em torno de Pezão. O acordo teria sido fechado num jantar entre Indio, Sérgio Cabral e o atual governador, na segunda-feira. Picciani disse que levará o nome de Cabral à convenção do PMDB e, caso ele não queira, o de Dornelles. O presidente do PMDB fluminense também retomou a coordenação do movimento ‘Aezão’.
Já o ex-governador Cabral, durante o jantar com no Palácio do Jaburu com Dilma Rousseff, assegurou que ele e Pezão estão com a presidenta. “Não prometo 100% dos votos para a senhora, mas eu prometo que majoritariamente estaremos com a senhora”, afirmou, rebatendo o ‘Aezão’ no Rio.
Presidenta critica Aécio e Campos
No jantar com a cúpula do PMDB, a presidenta Dilma Rousseff aproveitou para criticar seus dois principais adversários na disputa pelo Palácio do Planalto: o senador tucano Aécio Neves e o ex-governador Eduardo Campos, do PSB. Sem citar os nomes de seus rivais, a presidenta classificou Campos e sua candidata a vice, Marina Silva, como porta-vozes do atraso.
Até o ano passado, o candidato do PSB era aliado ao governo. Após dizer que a aliança comandada pelo candidato tucano vê com “vergonha” subsídios como os dados ao programa Minha Casa, Minha Vida, Dilma fala sobre a chapa comandada por Campos.
“A outra (aliança Campos-Marina), que pode aparentemente se apresentar como avançada, é a aliança daqueles que são contra hidrelétricas, que acham que esse é um processo que não leva a nada”, disse Dilma, referindo-se às posições ambientalistas de Marina. “Os que pretensamente são avançados, que nos acusam de atraso, são eles que defendem uma meta de inflação de 3% (Campos defendeu a medida), que leva a desemprego, recessão e arrocho salarial, porque não tem milagre”, afirmou Dilma.