Rio - Derrubar velhos estereótipos de que portadores de sofrimento mental precisam ficar internados e tutelados, por ser perigosos e incapazes. Essa a principal missão do movimento Luta Antimanicomial, que realiza nesta sexta-feira debates em sua décima edição no Rio. O evento vem mostrar que os pacientes têm autonomia e podem perfeitamente interagir livres em sociedade, com orientação e acompanhamento, para que possam encontrar o seu lugar no mundo.
A X Luta Antimanicomial acontecerá no campus Barra da Universidade Veiga de Almeida, das 8h às 20h, com entrada franca. Além de painéis de debate com especialistas de diversas áreas da psicologia, a programação contemplará atividades interativas e artísticas, como oficinas de pintura, música, desenho, exibição de filmes e apresentação da Banda Harmonia Enlouquece, entre outras.
“Não adianta fechar os manicômios e abrir uma rede de saúde mental, se as cabeças que forem trabalhar nesses locais tiverem uma cultura manicomial, estabelecendo com o paciente uma relação de tutela em que ainda existem os conceitos de periculosidade e incapacidade. Esses encontros visam à invenção de uma nova forma de a sociedade lidar com o louco e a loucura, sem segregação”, analisa a professora Aline Drummond, doutoranda em Psicanálise, Saúde e Sociedade, e coordenadora da X Luta Antimanicomial.
Com a Reforma Psiquiátrica Brasileira e a Lei 10.216, de 2001, o cenário de tratamentos para portadores de sofrimento mental ganhou cores novas e modernas. “Antes, havia depósitos psiquiátricos, como se a internação fosse o único tratamento possível. Hoje, o objetivo é dar assistência sem privação da liberdade, como se faz nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps)”, informa Aline Drummond.
Segundo a coordenadora do evento, o número de internações despencou com os novos métodos de encarar e tratar o doente, e o índice de recuperação tem sido muito maior. “Havia muitos casos em que a mesma pessoa era internada quatro, cinco vezes no mesmo ano. Agora, elas estão mais estabilizadas. E também damos apoio às famílias, que precisam aprender a lidar com o portador de sofrimento mental”, completa a professora.