Por paulo.gomes
Elizângela foi encontrada agonizando na Estrada do Ititioca. Ela será sepultada nesta terça-feira, no Cemitério do Maruí, em NiteróiReprodução

Rio - Policiais da Divisão de Homicídios (DH) de Niterói e São Gonçalo já identificaram dois suspeitos que participaram do aborto malsucedido de Elizângela Barbosa, de 32 anos. De acordo com o delegado substituto da DH-Niterói, Adilson Palacio, são duas mulheres, que seriam mãe e filha, e um enfermeiro. Porém, a identidade do trio está sendo preservada para não prejudicar a investigação.

Na manhã desta terça-feira, os agentes localizaram a casa onde Elizângela foi levada para a realização do aborto no último sábado. A residência fica na Rua Silvino Pinto, número 22, no Sapê, em Niterói, Região Metropolitana, e foram encontrados equipamentos, 18 remédios, sendo que um é de uso veterinário, e alguns deles estavam com a validade vencida e curativos. Uma empregada que estava no local foi encaminhada para a delegacia para prestar depoimento.

Elizângela foi deixada pelo marido, o pintor industrial Anderson Santos da Silva, 27, e os três filhos do casal, na Estrada da Tenda, na periferia de São Gonçalo, por volta de 8h de sábado. Ali ela se encontrou com um homem que a levaria a uma clínica clandestina no bairro Sape, em Niterói. Porém, às 22h de domingo, ela chegou morta ao Hospital Estadual Azevedo Lima. Seu corpo será sepultado nesta terça, às 16h30, no Cemitério do Maruí, no Barreto.

Segundo o delegado Adilson Palácio, o proprietário de um Gol branco prestou depoimento informando que trafegava com o carro pela Estrada de Ititioca, no bairro de mesmo nome, em Niterói, quando um bando o mandou parar. Ele foi obrigado a levar Elizângela, que agonizava na beira da via, para o Hospital Azevedo Lima.

“Depois do aborto malsucedido, Elizângela foi abandonada na estrada ainda com vida. Traficantes da região, com medo de que a polícia suspeitasse que ela teria sido vítima deles, mandaram que o motorista a levasse ao hospital”, afirmou o delegado Palácio. Segundo o policial, além de Elizângela ter chegado ao hospital com sinais de forte sangramento vaginal, exame de necropsia detectou até um tubo de plástico dentro do seu útero.

Anderson revelou, em seu depoimento, que Elizângela já havia tentado, em vão, abortar em casa, com medicamentos, há pouco mais de três meses. “Ela não queria o quarto filho, e isso foi até motivo de discussão entre nós. Ela queria arranjar emprego. Mas, grávida, não conseguia”, alegou o pintor, que poderá responder como coautor do crime.

No sábado, Elizângela saiu de casa com R$ 2,8 mil para fazer o aborto e se encontrou com o desconhecido que a levaria até a clínica. Duas horas depois, ligou para o marido, dizendo que precisava de mais R$ 700. Até o final da tarde de domingo, o contato entre os dois passou a ser por mensagens de celular. Às 17h50m de ela voltou a ligar, dizendo que estava terminando o último procedimento e pedindo que o marido ligasse em 40 minutos. Mas Anderson não conseguiu mais contato. Às 23h, Cosme Barbosa, irmão da vítima, foi avisado pelo hospital que Elizângela havia chegado sem vida à emergência da unidade.

Exame de DNA de grávida de Campo Grande sai em até 15 dias

A morte de Elisângela Barbosa trouxe recordações trágicas para uma família de Campo Grande, que há 29 dias, viu a jovem Jandira Magdalena dos Santos Cruz, com quase quatro meses de gravidez, desaparecer, após sair de casa para um aborto.

“Infelizmente, o que aconteceu com a Jandira não serviu de exemplo para outras jovens. Aborto não é brincadeira, é sério, perigoso e mata. Faltam campanhas de conscientização. Esse caso me emocionou”, alertou Joyce Liane, de 32 anos, irmã de Jandira.

Jandira dos Santos prestou queixa contra o ex-marido duas vezes por agressão. Ele poderá depor outra vezReprodução

No último dia 10, a mãe da grávida, Maria Magdalena dos Santos, forneceu material genético para a realização de exame de DNA, que deve ficar pronto em até 15 dias. A polícia quer confrontar os traços biológicos dela com os de um corpo carbonizado e sem membros de uma mulher, encontrado dia 27, em Guaratiba. As investigações apontam que o carro onde estava o cadáver tinha as mesmas características do Gol em que Vanuza conduzia as clientes para o procedimento. Até agora, cinco pessoas foram presas e um falso médico, que teria feito o aborto, continua foragido.

“Queremos que esse caso termine e o corpo da minha irmã apareça para fazermos um enterro digno. Estamos sofrendo”, contou Joyce.

Acusados de participação no desaparecimento de grávida têm habeas corpus negado

A Justiça do Rio negou o pedido de liminar de habeas corpus para Mônica Gomes Teixeira e Marcelo Eduardo Medeiros, ambos acusados de participação no desaparecimento da grávida Jandira Magdalena dos Santos. A decisão foi tomada pelo desembargador Luiz Zveiter, da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, na última quarta-feira.

De acordo com investigações, Marcelo Eduardo Medeiros é o proprietário da casa em Campo Grande, na Zona Oeste, que era alugada à quadrilha para a realização de abortos, dentro de um condomínio. Foi para este local que Jandira foi levada para interromper sua gravidez de três meses e duas semanas de forma clandestina. O proprietário tinha conhecimento da prática ilegal realizada no imóvel.

Já Mônica Gomes Teixeira, esposa de Marcelo, atuava como recepcionista da clínica de abortos, participando diretamente da quadrilha.

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