Rio -Em operações simultâneas deflagradas no Rio e em São Gonçalo na madrugada desta quarta-feira, a Polícia Federal desarticulou a quadrilha de um dos principais líderes do Comando Vermelho. Na Mangueira, comunidade da Zona Norte do Rio, os policiais federais apreenderam cerca de R$ 3,5 milhões em um prédio de três andares. Segundo a PF, o dinheiro estava escondido em tonéis dentro do esgoto, em posse do braço-direito do traficante Antônio Hilário Ferreira, o Rabicó, um dos chefões do tráfico da Mangueira e do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, preso em Bangu 3 desde 2008.
Segundo o delegado João Luis Caetano, Rabicó é quem estava gerenciando do presídio as ações do tráfico em parte da Mangueira e no Salgueiro. A quadrilha, segundo ele, movimenta aproximadamente R$ 1 milhão por mês. O delegado vai pedir o bloqueio dos bens de Rabicó sugerir ao governo do estado a transferência do traficante para fora do Rio de Janeiro.
Jorge Luis Reis, apontado como braço-direito de Rabicó, preso na operação na Mangueira é, segundo a PF, tesoureiro da quadrilha. No prédio onde ele morava e foi encontrado o dinheiro funcionava também uma academia e um salão de cabeleireiro. A investigação apura se os estabelecimentos funcionam para lavagem de dinheiro da quadrilha. Com o suspeito foi encontrada uma pistola calibre 380. Ele também foi autuado pelo crime de porte ilegal de arma.
As investigações descobriram ainda que o dinheiro da quadrilha era investido em imóveis de luxo como uma casa localizada em Santa Catarina e outra em Itaipuaçu, na Região dos Lagos, além de várias contas bancárias pertencentes a Rabicó, mas que estariam em nome de 'laranjas'. A droga, que abastecia o tráfico nas comunidades dominadas pelo líder do Comando Vermelho, vinha do Paraná e do Mato Grosso do Sul.
Em depoimento à Polícia Federal, Jorge Luis Reis alegou que foi obrigado pelo tráfico a guardar o dinheiro na residência.
Mais de 50 quilos de cocaína e R$ 500 mil apreendidos em São Gonçalo
No Complexo do Salgueiro, mais R$ 500 mil foam encontrados em uma mansão de propriedade do engenheiro ambiental Luis Henrique Ventura Ferreira, funcionário de uma empresa do pólo petroquímico. A quantia estava em um quarto de manutenção da bomba da piscina, fechado com porta de cobre, definido pelo delegado como um bunker. O lugar, segundo os policiais, serviria de esconderijo para os traficantes.
Em outra casa, foram presos mais dois suspeitos de envolvimento com a quadrilha de Rabicó, Shirley Rodrigues Oliveira, 34 anos e Isaias Almeida de Oliveira, 28 anos. Com eles, foram encontrados 51 quilos de cocaína.
De acordo com a PF, as investigações continuam com o levantamento dos bens e das contas bancárias de outros membros da organização criminosa. Os presos responderão pelos crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Todos foram encaminhados ao sistema prisional.
"Acreditamos que a nossa ação de hoje desarticulou um dos principais braços finaneiros da quadrilha", disse o delegado. Participaram da operação 25 homens da Polícia Federal e 20 homens da Coordenadoria de Recursos Especiais).