Rio - Cada vez mais popular na cidade e em especial, na orla da Zona Sul, o esporte que usa uma prancha com remo, conhecido pelo seu nome em inglês, o stand up paddle (SUP), têm trazido para a Praia de Copacabana mais do que apenas os fãs da prática, uma considerável gama de novos serviços: aluguel de pranchas e material, e escolas que surgem da noite para o dia. Com a expansão, surge uma preocupação: a falta de regulamentação da atividade.
De 2012 para cá, o número de escolas no final da Praia de Copacabana, no Posto 6, por exemplo, dobrou — ano passado, a prefeitura começou a cadastrá-las por aquele trecho, onde hoje já existem 12 unidades em atividade. Isso atraiu instrutores sem qualificação, que têm cobrado preços abaixo do mercado para supervisionar alunos, segundo um dos fundadores da Associação deProfessores de Stand Up Paddle do Rio (Aprosup), Luís Felipe Alecrim.

A Secretaria municipal de Ordem Pública, por meio de nota, informou que existe um Comitê Gestor da Orla “com vários órgãos envolvidos discutindo a forma de regulamentação dessa atividade realizada na orla”. “A gente vê esses tipos aos montes, orientando sem critérios e botando em risco os alunos”, reclamou Alecrim. Ele e a Aprosup estão na luta pela regularização do esporte junto à Subprefeitura da Zona Sul, há dois anos.
“Já marcaram reuniões, mas de concreto fizeram apenas o cadastro, mas não adianta,se não coibem a prática irregular”, se queixa Alecrim. A professora de Educação Física Roxana Brasil, 40, já está habituada ao cenário de competição nas areias. “Já vi oferecerem aula por R$ 30, sendo que a média é R$ 80, com um profissional qualificado”, conta. “É flagrante a falta de didática e metodologia desses ‘instrutores’. Já vi alunos até caindo no mar, sem assistência”, denuncia.
Supervisão profissional evita lesões
A prática do stand up paddle feita sem orientação adequada pode aumentar o risco de lesão muscular, fraturas, e afogamento, segundo a coordenadora do curso de Educação Física do Centro Universitário Celso Lisboa, Ana Cristina Barreto.
“Essa é uma discussão constante no Conselho Regional de Educação Fisica. Toda atividade feita para melhorar o condidiconamento físico precisa de um professor graduado, mas o esporte ainda não foi legalizado”, alerta. De acordo com o ortopedista Marcello Serrão, o aluno pode sobrecarregar os joelhos. “As dores no local são extremamente comuns em quem não tem orientação correta, principalmente sedentários. A ajuda profissional é indispensável”.
Seop faz operação
Duas pranchas, de R$ 3.800 cada, sumiram na última operação da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop). Na quarta-feira do dia 17, agentes recolheram 30 pranchas deixadas nas areias do Posto 6, por ‘ocupação irregular do solo’. De acordo com a Seop, a ação restringiu-se à área externa, mas Luís Felipe Alecrim alega que agentes levaram também equipamentos guardados dentro da Colônia dos Pescadores. “Tomaram 11 pranchas minhas, e duas sumiram”, disse ele, que reclamou um prejuízo de R$ 10 mil. A Seop informou que a denúncia será investigada.