Por thiago.antunes

Rio - Em meio às denúncias de pagamento de propinas para o Estado-Maior da Polícia Militar, o comandante-geral da corporação, coronel José Luís Castro Menezes, garantiu ontem que não pedirá demissão do cargo. “Eu não pedi para sair em momento algum. Isso não passa pela minha cabeça. Estou muito tranquilo, se tivesse alguma coisa, certamente já teríamos sido presos na semana passada”, afirmou, ressaltando que a atual administração não tem nada a esconder e que apoia a investigação contra a corrupção.

O comandante reconheceu, no entanto, que errou ao deixar o capitão Walter Colchone Netto, um dos presos na Operação Amigos S/A, continuar lotado no Comando de Operações Especiais (COE). Colchone já havia sido preso em 2013 por envolvimento com máquinas caça-níquel. Após ganhar liberdade, voltou a trabalhar no COE.

O comandante-geral Castro: desconforto latenteLevy Ribeiro / Agência O Dia

“Como conhecedor do fato, também falhei. O Estado-Maior falhou. Mas não percebo dolo porque quem falhou estava no processo que culminou na prisão dele”, disse Castro, referindo-se a outros órgãos que investigaram o capitão.

A cúpula da Polícia Militar se reuniu ontem para se pronunciar oficialmente sobre a denúncia de que o alto comando receberia propinas de R$ 15 mil dos comandantes dos batalhões. Os chefes do Estado-Maior Operacional e Administrativo, coronéis Paulo Henrique Moraes e Ricardo Pacheco, afirmaram que a atual gestão está sendo responsabilizada pelo depoimento de um delator, que alegou ter ouvido falar no esquema, que teria ocorrido entre 2010 e 2011.

Portanto, antes de eles assumirem. Os três disseram ter entregue à Corregedoria-Geral Unificada documento autorizando que seus bens e dados pessoais sejam investigados. Castro disse ainda que a atitude dos policiais foi uma “traição ao comando da corporação e à sociedade”.

Castro estava lotado em Angra

O comandante-geral da PM, coronel José Luís Castro, afirmou que sua gestão foi erroneamente vinculada ao relato do delator que ganhou liberdade após o depoimento. Entre 2010 e 2011, Castro era comandante do batalhão de Angra dos Reis e negou que houvesse qualquer pedido de propina.

“Houve o vínculo com a atual administração, como se nós fôssemos os responsáveis pela arrecadação desse quantitativo. Nunca meu comandante intermediário, o chefe do Estado-Maior ou o comandante-geral pediram ou sequer insinuaram que para que eu continuasse no comando do batalhão, eu teria que contribuir”, alegou. Castro ainda se defendeu das críticas de que poderia interferir nos rumos das apurações, alegando que o caso seria acompanhado pelo Ministério Público. Na quinta-feira, o MP assumiu o controle das investigações sobre os PMs.

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