Por tiago.frederico

Rio - A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio julga, a partir das 13h desta terça-feira, o pedido de habeas corpus de Monica Gomes Teixeira e Marcelo Eduardo Medeiros. Eles são suspeitos de participarem da quadrilha que é investigada pelo aborto, morte e ocultação de cadáver de Jandyra Magdalena dos Santos, de 27 anos.

Jandira desapareceu no dia 26%2C quando iria fazer um abortoReprodução

O pedido de habeas corpus estava na mesa do desembargador Luiz Zveiter desde o dia 30 de setembro. Caso ele seja concedido, será aberto um precedente para que outros dois suspeitos no caso também ganhem o benefício. São eles: Rosemere Ferreira, acusada de ser a chefe da quadrilha, e Vanusa Baldacine, que levou Jandira até a clínica de aborto, em Campo Grande, na Zona Oeste.

Zveiter tinha negado o benefício, no último dia 17, para Monica e Marcelo, em caráter liminar. Marcelo Medeiros é o dono da casa alugada à quadrilha para fazer os abortos e sabia da prática ilegal na casa, já que Mônica Teixeira, sua esposa, era a recepcionista.

Carlos Augusto Graça de Oliveira, apontado pela polícia como o falso médico responsável pela morte de Jandyra Magdalena dos Santos Cruz, durante aborto em Santa Cruz, se apresentou, na última quarta-feira, na 35ª DP (Campo Grande), acompanhado pelo advogado. Caso o pedido de habeas corpus seja concedido, ele não será preso.

O homem estava sendo procurado e tem mandado de prisão expedido pela Justiça, mas não foi preso porque, apesar de já ter a prisão decretada, a lei eleitoral não permite que ninguém seja preso cinco dias antes das eleições. Somente a prisão em flagrante poderia ser realizada, conforme explicou a Polícia Civil. No dia, Carlos de Oliveira prestou depoimento e foi liberado. Familiares de Jandyra ficaram revoltados com a lei e queriam o acusado atrás das grades.

Corpo de mulher morta após aborto é enterrado no Rio

A auxiliar administrativa Jandira Magdalena Cruz foi sepultada, no domingo da última semana, 28 de setembro, no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte. O enterro aconteceu pouco mais de um mês após a vítima desaparecer ao fazer um aborto em Campo Grande. Durante o velório, a irmã de Jandira, Joyce Magdalena, se mostrou bem consciente, dando força para os presentes.

"Nunca iríamos imaginar que uma menina de 27 anos iria descer na sepultura. Poderia ser eu, poderia ser qualquer pessoa. Mas eu sei que vidas estão sendo salvas pela vida da Jandira. Ela está em um lugar de paz, melhor que todos nós", disse.

Enterro de Jandira reuniu parentes e amigos no cemitério de Ricardo de AlbuquerqueCarlos Moraes / Agência O Dia

A mãe e as filhas de Jandira não compareceram ao sepultamento. Amigos e o pai da jovem estavam inconformados com a situação. Também estiveram presente alguns membros do movimento de mulheres pela descriminalização do aborto.

Jandira Magdalena, que estava grávida de quatro meses, morreu após um aborto realizado em uma clínica clandestina em Campo Grande, no dia 26 de agosto. Seu corpo foi encontrado carbonizado dentro de um carro em Guaratiba, no dia 27 do mês passado.

Cinco pessoas indiciadas por participar do aborto já foram presas e a polícia ainda procura outros suspeitos.

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