Por bianca.lobianco

Rio - Difícil acreditar que, em um passado não tão distante, um dos cartões-postais mais característicos do Rio seria considerado concepção de uma mente louca. A ideia de que um caixote pendurado por cabos, a 392 metros do chão, poderia ser um meio de transporte entre dois morros era inconcebível para a nata da engenharia. Graças, porém, à ousadia do engenheiro Augusto Ferreira Ramos, o carioquíssimo bondinho do Pão de Açúcar completa, amanhã, 102 anos de idas e vindas em um cenário inspirador.

Considerado uma ideia exótica%2C o bondinho acabou saindo do papel e se transformando numa das grandes atrações turísticas do Rio Paulo Alvadia / Agência O Dia

Para celebrar o aniversário, cariocas e turistas serão convidados, ao meio-dia, a cantar parabéns para aquele que foi o primeiro teleférico construído no Brasil e o terceiro no mundo — antes só existiam o do Monte Ulia, na Espanha, e o de Wetterhorn, na Suíça. E duas mil fatias de bolo, que serão distribuídas aos visitantes a partir das 10h, tornarão o passeio ainda mais doce.

De acordo com a Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar, ano passado o transporte recebeu quase 1,5 milhão de usuários. Desde a inauguração do trecho inicial, que liga a Praia Vermelha ao Morro da Urca, em 1912, o bondinho já transportou mais de 40 milhões de pessoas. “O lindo passeio permite que a gente tenha uma outra visão do Rio”, festeja Ana Paula Bastos, que levou os amigos de Campos para andar no teleférico.

Extensão

Uma batalha travada entre associações comunitárias do Leme e a Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar, que detém a concessão do bondinho, pode ter chegado ao fim após decisão do prefeito Eduardo Paes. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, o governante se posicionou terminantemente contrário à extensão do sistema até o Morro do Leme, como foi solicitado pela empresa. Alguns moradores temiam que a nova estação afetasse o meio ambiente e a tranquilidade do bairro, de 28 mil habitantes.

Conforme O DIA noticiou no início de setembro, a presidente da companhia, Maria Ercília de Castro, apresentou um novo projeto, orçado em R$ 107 milhões, cancelando a proposta inicial que previa a construção de uma estação de embarque e desembarque no Forte do Leme.

A proposta mais atual, que abre mão do acesso terrestre ao mirante, propõe a ligação apenas a partir do Morro da Urca, via estação da Praia Vermelha. A assessoria da prefeitura não explicou o que levou Paes a rejeitar o pedido. A concessionária não quis comentar a decisão, porque não recebeu notificação oficial.

“A nossa proposta é que seja organizado um plebiscito com os órgãos competentes, a empresa e os moradores para que todos sejam ouvidos. Todos devem se unir pela qualidade de vida coletiva”, diz o presidente da Associação de Moradores e Amigos do Leme, Francisco Nunes.

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