Rio - Cerca de 24 horas após a morte do soldado Ryan Procópio, de 23 anos, da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Vila Kennedy, sequestrado e torturado por traficantes em Bangu, na Zona Oeste, mais um policial militar foi morto por bandidos na região da Avenida Brasil. O também soldado Anderson Senna Freire foi baleado na cabeça durante um ataque de bandidos, em Guadalupe, Zona Norte do Rio, no início da madrugada desta quarta-feira.
O colega dele, o soldado Bruno de Moraes, foi ferido no ombro e está internado no Hospital Estadual Albert Schweitzer, em Realengo. Ambos estavam de serviço e eram lotados no 41ºBPM (Irajá). De acordo com o Serviço Reservado (P-2) do 41º BPM, os dois PMs encerrariam o serviço por volta de 1h e retornavam para o batalhão em Irajá. Quando passavam pela Avenida Brasil foram atacados na esquina da Rua Luiz Coutinho Cavalcante por ocupantes de um Fiat Punto prata. Os bandidos desceram do veículo já efetuando os disparos.
Pelo menos três tiros perfuraram o vidro dianteiro do veículo policial e a lataria. Surpreendidos, os policiais não tiveram tempo de reagir e acabaram baleados. Socorridos para o Albert Schweitzer, Senna morreu vítima de um tiro de fuzil na cabeça. Ainda não há informações sobre seu estado de saúde do soldado Moraes, atingido no ombro.
Após os disparos, os bandidos fugiram pela Rua Luiz Coutinho Cavalcanti. A via dá acesso às comunidades do Muquiço e da Palmeirinha. O local do crime fica a nove quilômetros da Rua Vigilante Fortunato, em Bangu, onde o corpo do soldado Procópio foi abandonado. As investigações sobre do ataque aos policiais do 41ºBPM também estão a cargo da Divisão de Homicídios.
Na tarde de terça-feira o soldado Ryan Procópio foi sepultado no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. Cerca de 200 pessoas acompanharam o funeral. O comandante-geral da PM, coronel Íbis Pereira, esteve presente e se emocionou. No mesmo horário, enquanto o Batalhão de Operações Especiais (Bope) fazia "levantamento das vielas da Vila Aliança para o serviço de inteligência da PM", a DH ouvia testemunhas do crime, a fim de encontrar os responsáveis pelos cinco disparos que atingiram as costas do policial.
Para a Polícia Civil, o assassinato do soldado Ryan após sessão de tortura na noite de segunda-feira, teria ocorrido em represália à prisão de dez bandidos, feita horas antes em operação das polícias Civil e Militar, na Vila Aliança, em Bangu.
O corpo de Ryan foi abandonado na mala do seu Honda Fit, na Avenida Brasil. O PM, que era lotado na UPP da Vila Kennedy, comunidade vizinha à Vila Aliança, morava na região, o que pode ter facilitado o reconhecimento dos bandidos. “Nenhuma hipótese está descartada até o momento. Ryan era filho e irmão de policiais militares, e, por isso, a possibilidade de vingança contra algum dos familiares também não está descartada”, disse o delegado Fábio Cardoso, da DH.
De acordo com amigos, Ryan estava de folga e teria sido abordado pelos criminosos quando passava pela Estrada do Engenho, por volta das 22h50. Ele teria sido levado à Vila Aliança, dominada pelo Terceiro Comando Puro (TCP).
“Sabemos que dois homens o abordaram, mas já solicitamos imagens de segurança da região e coletamos digitais no carro para descobrir quantos foram os cúmplices”, completou o delegado.