Milícia controlava até a venda de pipa e cerol na Zona Norte
Polícia Civil prende 17 suspeitos de integrar quadrilha. Grupo faturava cerca de R$ 1 milhão por mês, aponta investigação
Por thiago.antunes
Rio - Uma das maiores milícias do Rio foi desarticulada nesta quarta-feira, garante a Polícia Civil. O bando agia em Piedade, Quintino, Cascadura e Campinho, onde houve operação em três comunidades que terminou com 17 presos, entre eles quatro PMs. Segundo as investigações, o grupo atuava desde 2007 e movimentava cerca de R$1 milhão ao mês. Além de cometer homicídios, o bando é acusado de controlar o transporte alternativo e a venda de gás, água e até de cerol e pipa para crianças.
“Isso (venda de cerol e pipa) funcionava como marketing para mostrar para a comunidade quem eram os líderes”, afirmou o delegado Alexandre Capote, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE).
Investigadores identificaram 48 pessoas como integrantes da quadrilha, que seria chefiada por Tarcísio Albuquerque de Moura. Condenado, cumpria a pena em liberdade condicional e se entregou após a operação, na Cidade da Polícia, no Jacaré. Tarcísio teria dividido o controle da quadrilha em três áreas: os morros do Fubá e Caixa D’Água eram chefiados por alguns comparsas, e comunidades de Campinho, pelo sargento PM Jorge da Silva Santos Júnior, o Janjão, do 22º BPM (Maré), que foi preso.
Também foram capturados Carlos Roberto Bernardo, da UPP do Parque Proletário; e os cabos Bruno Guarany de Carvalho 5º BPM (Praça Harmonia) e Rafael Ávila (22º BPM). Estão foragidos o soldado Diego Luiz Cavalcante (9º BPM) e o ex-cabo PM Sérgio Gurgel. O inquérito começou há um ano após dois adolescente de 15 anos da Caixa D’Água terem sido mortos por descumprir a ‘ordem’ de não frequentar comunidades ‘inimigas’.
Taxa diária para motoristas
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As investigações apontam para crimes de formação de quadrilha, extorsão, ameaça e homicídio. Os bandidos controlam máquinas de jogos de azar. Um bingo funcionava na Associação de Moradores do Fubá e outro em um bar. Moradores eram obrigados a pagar taxa mensal; os comerciante, semanal; e os motoristas do transporte alternativo, diariamente.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que o patrulhamento da PM será maior na região para impedir a volta do tráfico, que disputa o território com os milicianos. “Vamos estabelecer ali algumas condutas da PM no sentido de evitar ou minimizar esse tipo de retorno”. A identificação dos criminosos foi possível com a ajuda de testemunha que fugiu durante uma tentativa de homicídio.