Por thiago.antunes
Rio - "Ele foi morto com quatro facadas, foi uma covardia. Não sai da minha cabeça a imagem do corpo dele todo perfurado". A frase, dita com pesar, é do servente Adilson Vasconcelos, 48 anos, irmão de Paulo Vasconcelos, 53, uma das vítimas de Sailson José das Graças, 26 anos, acusado do assassinato de outras 42 pessoas. A mãe da vítima, Carli José de Oliveira, 78 anos, já perdeu quatro de seus filhos. Paulo foi o único a morrer de forma violenta.
"Não sabemos o motivo, mas parece que ele estava saindo com uma mulher, que pode ser a Cleuza. A polícia está investigando", afirmou Adilson. Os dois moram em Santa Rita, bairro vizinho ao Corumbá, em Nova Iguaçu, onde teria acontecido a maioria dos crimes. No bairro, os familiares de Fátima Miranda, última a ser morta por Sailson, estavam surpresos com o crime. A doméstica Crisrtina Miranda Mota, 41 anos, filha da vítima, diz não saber o motivo do crime.
Carli Oliveira e Adilson Vasconcelos%2C mãe e irmão de Paulo Vasconcelos. 'Não da minha cabeça a imagem dele todo perfurado'%2C disse AdilsonFabio Gonçalves / Agência O Dia

"Minha mãe não tinha desavenças com ninguém, quanto mais com a Cleuza. Não sabemos o motivo dessa covardia, não sei porque ela mandou matar a minha mãe. Além de matarem, ainda levaram da casa dela um DVD, celular e até uma prancha de cabelo. Fizeram o serviço completo", contou Cristina. A vizinha de Fátima, Tatiana Leiva Santos, 32 anos, relatou que a mulher foi morta por causa de dinheiro.

Publicidade
"A Fátima foi morta porque se recusou a emprestar dinheiro para a Cleusa. O Sailson e a Cleusa foram beber em um bar e chamaram a Fátima. Quando eles estavam indo embora, a Cleusa pediu dinheiro a ela, que negou. Quando chegarem em frente à casa dela, a arrastaram pra dentro e a mataram a facadas. Um vizinho viu os dois saindo dentro da casa dela de madrugada. Foi uma emboscada. Pela manhã, o José Messias ficou perguntando onde morava a Fátima. Uma vizinha encontrou o corpo dela. Ele, na verdade, encenou tudo. Ele já sabia onde ela morava e que estava morta. Foi tudo planejado", disse Tatiana.
Publicidade
Tinha prazer quando ela se debatia', diz serial killer
"Eu tinha prazer quando ela se debatia, gritava e me arranhava". Foi assim que o serial killer, Sailson José das Graças, de 26 anos, tentou justificar as mortes de 38 mulheres nos últimos nove anos. Ele confessou ter matado mais quatro pessoas, a mando de sua cúmplice, Cleuza Balbina, e uma criança de dois anos. O assassino disse no final da manhã desta quinta-feira que sentia prazer no momento em que tirava a vida das suas vítimas.
Em depoimento na sede da DH Baixada%2C Sailson José das Graças disse que às vezes ficava analisando uma vítima durante um mês antes de matá-laFabio Gonçalves / Agência O Dia

"Eu parava na padaria, numa praça, ficava vendo jornal. Olhava para uma mulher e falava: 'é essa'. Ia seguindo até em casa, mas nunca estuprei ninguém. Mulher pra mim tinha que ser branca, negra não, por causa da minha cor. Eu tinha prazer quando ela se debatia, gritava e me arranhava. Eu pensava que eu era meio maluco, às vezes normal", disse.

Demonstrando muita frieza e calma, Sailson afirmou ser viciado em matar: "A primeira mulher que eu matei foi estrangulada com as mãos. Sentia prazer, gostei! Tinha um desejo muito forte. Já matei umas 38 mulheres, tinha vício", garante o serial killer, que se arrepende de apenas um crime. "Não me arrependo e parar de matar é difícil. Saindo da cadeia, voltaria a matar novamente outras 38 mulheres. Só me arrependo no caso da criança, mas não teve jeito. A criança chorava muito e poderia acordar os vizinhos", lembra.

Publicidade
Segundo do delegado assistente da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, Marcelo Machado, Sailson cometia ato libidinoso após matar as vítimas. "Em algumas ocasiões, ele matava as vítimas e se masturbava ao vê-las de olhos abertos", detalha.