"Foi triste ver a incompetência da polícia, o despreparo deles. Porque eles agiram como verdadeiros marginais, verdadeiros bandidos. O que acontece é que eles não souberam interceptar, não havia necessidade de alvejar o carro do jeito que eles fizeram. Num país tão democrático como o nosso, cheio de regras e só pagam os pobres. É justamente a lei que nos mata, aqueles que são para nos proteger, são aqueles que nos matam", disse em entrevista para a CBN.
O vídeo mostra o início da perseguição ao carro onde Haissa e mais três amigos estavam e quando o policial militar Márcio José Watterlor Alves disparou noves vezes contra o veículo. O pai da jovem revelou que havia conversado com ela horas antes da tragédia e que tinha pedido para ela ter cuidado com a violência.
"No dia anterior que foi numa sexta-feira, eu tinha conversado com ela, era umas 9h30 da noite. Ela estava numa festa e eu disse: 'poxa filha, vai para casa. Cuidado na rua'. Quando foi no sábado de manhã, a triste notícia que a minha filha tinha sido alvejada por policiais", lamenta.
Mesmo após cinco meses da morte de Haissa, Ironildo diz que sua família ainda sofre com a tragédia. "Até hoje nós estamos sofrendo. A minha mulher está doente em cima da cama. Ela não consegue se recuperar disso (morte da filha). Ela está com uma depressão profunda. A minha caçula quase perdeu o emprego. Ela não consegue ir trabalhar. Eu estou mais fraco do que elas, mas tenho que me mostrar forte", afirma.
O PM Márcio José e o outro colega alegam que perseguiam um carro quando suspeitaram do carro em que Haissa e os amigos estavam. Eles deram sinal para que o veículo parasse, como o pedido não foi obedecido, Márcio José disparou contra os ocupantes do automóvel. Ao seguir para o hospital onde a jovem foi encaminhada, eles reconheceram o erro ao conversar com duas amigas da vítima: "Não justifica ter dado o tiro. Nós vamos responder por todos os nossos atos", diz um deles.