Por paulo.gomes
Rio - A divulgação do vídeo feita pela revista Veja no último final de semana fez a família de Ironildo Motta reviver um pesadelo. Na madrugada do dia 2 de agosto do ano passado, sua filha, Haissa Vargas Motta, de 22 anos, foi assassinada durante ação desastrada da Polícia Militar em Nilópolis, na Baixada Fluminense. Ironildo chamou os PMs responsáveis pela morte de Haissa de "bandidos".

"Foi triste ver a incompetência da polícia, o despreparo deles. Porque eles agiram como verdadeiros marginais, verdadeiros bandidos. O que acontece é que eles não souberam interceptar, não havia necessidade de alvejar o carro do jeito que eles fizeram. Num país tão democrático como o nosso, cheio de regras e só pagam os pobres. É justamente a lei que nos mata, aqueles que são para nos proteger, são aqueles que nos matam", disse em entrevista para a CBN.

O vídeo mostra o início da perseguição ao carro onde Haissa e mais três amigos estavam e quando o policial militar Márcio José Watterlor Alves disparou noves vezes contra o veículo. O pai da jovem revelou que havia conversado com ela horas antes da tragédia e que tinha pedido para ela ter cuidado com a violência.

"No dia anterior que foi numa sexta-feira, eu tinha conversado com ela, era umas 9h30 da noite. Ela estava numa festa e eu disse: 'poxa filha, vai para casa. Cuidado na rua'. Quando foi no sábado de manhã, a triste notícia que a minha filha tinha sido alvejada por policiais", lamenta.

Mesmo após cinco meses da morte de Haissa, Ironildo diz que sua família ainda sofre com a tragédia. "Até hoje nós estamos sofrendo. A minha mulher está doente em cima da cama. Ela não consegue se recuperar disso (morte da filha). Ela está com uma depressão profunda. A minha caçula quase perdeu o emprego. Ela não consegue ir trabalhar. Eu estou mais fraco do que elas, mas tenho que me mostrar forte", afirma.

Haissa Vargas Motta%2C de 22 anos%2C morreu após perseguição no início de agosto do ano passado, em Nilópolis%2C na Baixada FluminenseReprodução Facebook

O PM Márcio José e o outro colega alegam que perseguiam um carro quando suspeitaram do carro em que Haissa e os amigos estavam. Eles deram sinal para que o veículo parasse, como o pedido não foi obedecido, Márcio José disparou contra os ocupantes do automóvel. Ao seguir para o hospital onde a jovem foi encaminhada, eles reconheceram o erro ao conversar com duas amigas da vítima: "Não justifica ter dado o tiro. Nós vamos responder por todos os nossos atos", diz um deles.

De acordo com a Polícia Militar, desde o fato os PMs estão afastados de suas funções e respondem a um Inquérito Policial Militar (IPM) que está em fase de conclusão. O PM Márcio José, autor dos disparos, foi indiciado pelo crime de homicídio doloso, quando há intenção de matar.