Por nicolas.satriano
Rio - Após quatro casos de vítimas de balas perdidas em cinco dias no Rio, ganhou força a reedição de uma cartilha da Cruz Vermelha que ensina a população a se proteger. A ideia é expandir a distribuição do panfleto, que já foi feita em quatro comunidades com alto índice de violência — Maré, Parada de Lucas e Vigário Geral, e Vila Vintém — a favelas da Zona Sul, praias e ruas cariocas. Para isso, será iniciada a captação de verba para bancar o projeto. Entre as vítimas fatais estão duas crianças de 4 e 9 anos. Nesta quinta-feira, uma menina de 3 anos foi atingida de raspão na perna direita na Rua Laura de Araújo, na localidade Boca do Lixo, no Estácio.

Desenvolvido há cinco anos pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que atua em situações de guerra no mundo inteiro, o material aborda várias situações e dá dicas para evitar que civis se tornem alvo de tiroteio, como: ‘Aprenda a reconhecer os sinais de perigo, como fogos de artifício, lojas fechadas, ruas vazias. Identifique um local seguro para se abrigar’; ‘Se você está na rua e começa um tiroteio, procure abrigo no prédio ou nacasa mais próximos’.

Luiz Sampaio%2C da Cruz Vermelha%3A cartilha orienta como morador deve agir quando abordado por policiaisPaulo Araújo / Agência O Dia

Um alerta orienta moradores a não pegar granadas ou balas abandonadas. “Elas podem explodir e ferir a pessoa. Queremos minimizar o sofrimento dos moradores que residem em áreas de risco. Preservar a vida é fundamental, e percebemos que as pessoas estão pondo em prática as dicas do panfleto”, explicou o presidente da filial do Rio da Cruz Vermelha, Luiz Alberto Lemos Sampaio.

Segundo ele, este ano foram confeccionados mais de 20 mil panfletos. São distribuídos por quatro núcleos de moradores voluntários capacitados com cursos na Cruz Vermelha de primeiros socorros, segurança, higiene e noções de Direito. 
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A cartilha também orienta como o morador deve agir quando for abordado por policiais. ‘Evite constrangimentos, sempre ande com documentos com foto. Além disso, coopere, não faça movimentos bruscos e mantenha as suas mãos em lugar bem visível’, diz um dos itens. Para o especialista em segurança pública, coronel PM e fundador do Bope, Paulo Amêndola, a ideia do panfleto deveria ser ‘comprada’ pelo governo para ser distribuído em repartições públicas. “Tem que chegar às escolas”, frisou.
Bala perdida fere homem na Zona Oeste
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O encarregado de supermercado William Robaiana da Silva, de 35 anos, foi atingido por uma bala perdida, em Santa Cruz, na Zona Oeste, na manhã de ontem, enquanto caminhava para o trabalho. Segundo a Secretaria municipal de Saúde, ele passou por uma cirurgia no Hospital Pedro II, onde está internado do CTI em estado grave.
William foi baleado no fígado, na Avenida Cesário de Melo, próximo da estação do BRT Cesarão. No momento em que foi ferido, policiais militares trocavam tiros com traficantes, em uma operação na favela do Rola, também em Santa Cruz. Segundo a PM, não é possível vincular o tiro que atingiu William à ação da Polícia, pois o local era distante daquele em que a vítima foi baleada. Ainda de acordo com a corporação, durante a ação na comunidade, dois homens foram presos com drogas.
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A Polícia Civil informou que um inquérito foi instaurado na 36ª DP (Santa Cruz) para apurar o caso. Agentes realizaram diligências em busca de testemunha e aguardam que William tenha alta para prestar depoimento.
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