Por adriano.araujo
Pedro Neto ensinando Luciana a pedalar%3A “Não sabia que tanta gente também não sabia andar de bicicleta”%2C disse a alunaSeverino Silva / Agência O Dia

Rio - A preocupação dos pais fez a pequena Luciana Santos não aprender a andar de bicicleta. Hoje aos 34 anos, ela deu as primeiras pedaladas e não quer mais parar. A vontade da estudante renasceu ao conhecer a Escola Bike Anjo, que ensina de graça adultos e crianças em diversas cidades brasileiras. O grupo que atua no Rio completou um ano em janeiro, estreou suas atividades em Niterói e tem planos para estender a ideia para a Baixada, o que fará ultrapassar os mais de 300 atendimentos feitos em 2014.

“Meus pais não queriam que eu andasse de bicicleta porque tinham medo que eu me machucasse. Eu acabei perdendo o interesse em aprender a pedalar”, conta Luciana. “Mas encarei o medo que tinha depois que descobri que existiam pessoas que se disponibilizam em ensinar a essas pessoas”, disse Luciana, que se impressionou. “Não sabia que tanta gente também não sabia andar de bicicleta”.

As aulas acontecem no pátio do Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo, no primeiro domingo no mês, às 15h. Não é preciso ter bike, pois há bicicletas disponíveis. Porém, o aluno pode trazer a sua, como os pais fazem para que os filhos aprendam na bicicleta que continuará praticando. Para participar é preciso se inscrever no site da escola (bikeanjorio.wordpress.com). As dicas são ir de tênis, roupa leve e bermuda. Evitar jeans ou saia.

Fábio Nazareth é um dos instrutores, que às vezes assume a posição de coordenador do grupo. Há dez anos, ele utiliza a bike como meio de transporte. “Andar de bicicleta é mais que um momento de lazer, é uma opção de meio de transporte na cidade”, exalta, lembrando que não há idade para aprender. “Já ensinei um senhor de 66 anos. Ele aprendeu no primeiro dia”.

Procura para ser instrutor

O Rio é a segunda cidade do Brasil com o maior número de voluntários, ficando atrás apenas de São Paulo, que é o idealizador da proposta. Entre os cariocas estão Pedro Barbosa Lima Neto, 25 anos, e Paulo Nigro, 35. Eles ensinaram Luciana a andar de bicicleta. Paulo explica que os ensinamentos são por etapas.

“Primeiro, a gente coloca a pessoa para andar com a bike com os pés no chão, depois fazemos ela se equilibrar, passamos para a pedalada, sair com a bicicleta, fazer curva e usar o freio. Também ela a tirar uma das mãos do guidão para fazer sinal com o braço dizendo que vai fazer curva e outra que é tirar a as duas mãos do guidão”, disse Nigro.

Há dez anos%2C Fábio Nazareth utiliza a bike como meio de transporte. “Andar de bicicleta é mais que um momento de lazer%2C é uma opção de meio de transporte na cidade”.Divulgação

Pedro Neto diz que sua visão sobre o trânsito e o mundo mudou depois do Bike Anjo. “Eu era agressivo no trânsito andando de bike, mas depois que conheci o pessoal minha atitude melhorou. Agora sou mais responsável”, disse o voluntário, que se diz realizado com a atividade que ajuda. “As pessoas dizem que nós realizamos o sonho delas, e eu vejo que é isso o que fazemos, que é realizar sonhos”, completa.

Para quem quer ser voluntário, as inscrições também são feitas no site do Bike Anjo Rio. “Vamos começar uma turma para ensinar nosso método para passar nosso conhecimento para os interessados”, informou Fábio Nazareth. Os voluntários também tem um encontro na Cinelândia para trocar experiências.

‘Qualquer pessoa pode começar a iniciativa’

Em Niterói, as aulas acontecem no terceiro domingo do mês, entre 16h30 e 18h30, no Museu Niemeyer. No Méier toda sexta-feira antes do primeiro domingo do mês na Dias da Cruz. As inscrições também são feitas pelo site. Luciana aconselha participar por muito motivos: “Gostei de andar porque a bicicleta é uma alternativa ao transporte público. Não gasto com passagem, estacionamento e ainda faz bem pra saúde”, disse.

O próximo passo é implantar o sistema em Nova Iguaçu e Petrópolis, devido aos inúmeros pedidos no site. “Mas qualquer pessoa pode começar a iniciativa e nós ainda damos o apoio. É interessante que cada pessoa reproduza a iniciativa onde mora”, disse Fábio Nazareth.

Para Nazareth, a bicicleta não é solução, e sim integração, já que a pessoa pode ir ao metrô e trem com a bike. “A distância média para a pessoa ir direto ao trabalho é de 7km. Depois disso é aconselhável fazer integração”, orienta.

No Metrô, pode entrar com bicicleta a partir das 21h de segunda a sexta, e no período integral aos sábados e domingos. Já no trem, pode entrar com bike também a partir das 21h de segunda a sexta, sábado às 14h e domingo o dia todo.

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