Por thiago.antunes
Disque-denúncia oferece recompensa de 50 mil por informações que levem à captura de PlayboyDivulgação

Rio - Traficante mais procurado do Brasil, com recompensa de R$ 50 mil por sua captura, Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, afirma que pagou R$ 648 mil para ser libertado por policiais que o prenderam no Morro da Pedreira, no ano passado. Além disso, o bandido teria entregado dois fuzis AK-47 e obrigado seus comparsas a darem todos os cordões que usavam — num total de 4,5 quilos de ouro — aos agentes que o haviam capturado. As revelações foram feitas na entrevista concedida ao repórter Leslie Leitão, na revista ‘Veja’ que chegou às bancas neste fim de semana. O DIA entrou em contato com as assessorias de imprensa da Secretaria Estadual de Segurança, Polícia Militar e Polícia Civil pedindo que os órgãos se posicionassem sobre as declarações do criminoso. Todas as três informaram que não comentariam o assunto.

Na entrevista, Playboy — que vive no Morro da Pedreira, em Costa Barros, Zona Norte do Rio — revela que os carros e blindados da Polícia Militar são presença constante na favela, onde costumam recolher propina de R$ 100 mil por mês. Ainda de acordo com o bandido houve pelo menos duas outras ocasiões nas quais teve que oferecer dinheiro a policiais corruptos: teria desembolsado R$ 400 mil para libertar um de seus aliados e mais R$ 300 mil para que seu motorista, um ex-PM, fosse solto. Ele não quis dizer o nome dos agentes que receberam a propina. “Não alcagueto (sic) polícia que é homem comigo”, disse o traficante à revista.

Na entrevista, o bandido afirma saber que a polícia quer matá-lo. Segundo ele, sua situação teria piorado depois do episódio no qual integrantes do seu grupo invadiram e roubaram um depósito do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro (Detro), em Fazenda Botafogo, para roubar motos. “Todas as informações que tenho são de que a polícia não quer me prender, quer me matar”, disse à ‘Veja’.

Playboy, que, assim como a maioria de seus seis filhos, passa quase todo o tempo dentro dos limites do morro, diz que pensa em se entregar à Justiça: “Não é por mim, que sou traficante. É pela minha família”. Mesmo assim, diz que não está em seus planos ficar na cadeia. “Não quero pegar 30 anos. Estão botando tudo na minha conta. Quero ficar uns anos e viver a minha vida”, afirma. A reportagem mostra que Celso levou uma vida de classe média, estudando em escola particular em Laranjeiras, na Zona Sul. A entrevista foi intermediada por um integrante da ONG AfroReggae.

Faturamento alto e ações ousadas

Além de ser um dos principais “comandantes” da facção Amigos dos Amigos (ADA), o traficante de 32 anos e 17 na vida de crimes é o cabeça de uma quadrilha de roubo de cargas que age no Rio. Apesar de, na entrevista, não revelar números do esquema que opera, a polícia afirma que o faturamento gerado pelos negócios gerenciados pelo bandido passa de R$ 1 milhão por mês.

Em ação ousada no fim do ano passado, seu bando roubou 197 motos de um depósito do Detro — à ‘Veja’, ele afirma que foram 105, e que não teria ordenado a ação. Além disso, pouco mais de dois meses antes, ele e integrantes do grupo invadiram e utilizaram as instalações da Vila Olímpica Felix Mielli Venerando, em Honório Gurgel. A ação foi registrada pelos próprios bandidos, que tiraram fotos com fuzis enquanto estavam na piscina do complexo esportivo.

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