Por felipe.martins
Jovem mostra curativo de ferimento provocado por bala em dia de operação da PM na PalmeirinhaSeverino Silva / Agência O Dia

Rio - Com uma camisa com a bandeira do Brasil no corpo atingido por uma bala durante operação policial, o jovem Chauan Jambre Cezário, 19 anos, prestou depoimento nesta quinta-feira na 30ª DP (Marechal Hermes). Emocionado e assustado, o jovem pretende comemorar no próximo sábado o aniversário de 20 anos com a sensação de renascimento. Alan Souza Lima, 15 anos, morreu quando a PM fazia operação na comunidade da Pelmeirinha, em Honório Gurgel, na última sexta-feira. A polícia analisa um vídeo gravado por ele antes de morrer e que mostra ação que resultou em sua morte. 

"Nasci de novo. O maior presente que eu ganhei é a vida. Sobrevivi a um tiro próximo do coração. Marquei de chamar os amigos para comemorar num sítio meu aniversário", disse Chauan. 

A delegada que investiga o caso, Adriana Belém, da 30ª DP (Marechal Hermes) vai ouvir oito praças e um oficial da Polícia  Militar que participaram da operação policial na Palmeirinha. De acordo com a delegada, dois policiais assumiram que efetuaram disparos durante a operação, mas não souberam dizer se os tiros acertaram Alan. São eles o soldado Alan de Mila Monteiro e o Segundo Sargento Ricardo Wagner Gomes. O comandante do 9º BPM, Tenente Coronel Luiz Garcia Batista, determinou nesta quinta-feira o afastamento dos policiais das ruas. 

Após recuperar-se, Chauan, que vende mate na Praia de Ipanema, pretende insistir na realização de um sonho: ser jogador de futebol. Ele tinha teste no Bangu marcado para esta semana, mas teve que adiar  a possibilidade de entrar em um clube profissional de futebol ao ser vítima do tiro na comunidade da Zona Norte do Rio. "A esperança não acabou", almeja Chauan. 

Leia mais: Oito PMs que participaram de operação na Palmeirinha são afastados 

Em nota, a PM informou que "ao tomar conhecimento do fato, o comandante do 9º BPM (Rocha Miranda), Tenente Coronel Luiz Garcia Batista abriu um averiguação sumária e afastou os policiais envolvidos na ocorrência da última sexta-feira. Ainda de acordo com a corporação, "ao analisar as imagens, o comandante da Polícia Militar, Coronel Alberto Pinheiro Neto determinou a abertura imediata de um Inquérito Policial Militar (IPM) a cargo da Corregedoria da PM".

Entenda o caso

Alan Souza Lima, de 15 anos, que morreu sexta-feira após ser baleado na Favela da Palmeirinha, em Honório Gurgel, gravou pelo próprio celular seus últimos minutos de vida. Ele e dois amigos foram atingidos quando faziam um vídeo no momento em que a PM realizava uma operação na comunidade. As imagens foram divulgadas ontem pelo jornal ‘Atual Rio’ e mostram os jovens, desarmados, conversando e brincando uns com os outros. Chauan Jambre Cezário levou um tiro no peito, mas conseguiu sobreviver.

O vídeo mostra que dois rapazes estavam de bicicleta e riam até que começam a correr. Um minuto e quinze segundos depois, tiros são ouvidos. Mesmo depois que os rapazes caíram no chão, o celular continuou gravando e é possível ouvir os gemidos e o sofrimento dos baleados.

“Pai do Céu, ajude”, diz uma das vítimas. Na gravação também surgem vozes que seriam de dois policiais militares. Um deles pergunta o motivo de eles terem corrido. “A gente estava brincando, senhor”, responde um dos rapazes.

No sábado, a Polícia Civil divulgou nota dizendo que os dois foram feridos durante um confronto com PMs e que foram apreendidos um revólver e uma pistola. Após a divulgação das imagens, o comando da PM afastou temporariamente do serviço de rua os policiais envolvidos na ação e determinou a abertura imediata de um Inquérito Policial Militar (IPM). A Polícia Civil já recebeu o vídeo e aguarda laudo de confronto balístico.







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