Por felipe.martins

Rio - Um vídeo exibido nesta quinta-feira pela Globo News mostra o que seria o momento do tiro que atingiu o jovem Edilson da Silva dos Santos, 26 anos, durante protesto por morte do dançarino DG, na Favela Pavão Pavãozinho, em Copacabana, Zona Sul do Rio.  As imagens mostram o policial Herbert Nobre Maia atirando e lançando granadas em um dos acessos à favela. Em determinado momento, há um corte de energia elétrica na comunidade e o PM volta a atirar. As imagens mostram outros dois policiais participando da ação. 

O inquérito aponta que um dos tiros atingiu Edilson. o policial flagrado nas imagens responde por homicídio doloso, quando há a intenção de matar. 

No noite do protesto, em 22 de abril, moradores afirmaram que o jovem teria sido atingido por um tiro de fuzil na cabeça. O garoto, que, segundo os moradores, tem problemas mentais, teria sido alvejado quando descia a Ladeira San Roman perto da esquina com a Rua Sá Ferreira, em Copacabana. De acordo com os relatos, ele estava sozinho e com as mãos para o alto. Um policial da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da região, no entanto, disse que o menino foi atingido por uma pedra lançada pelos próprios moradores. As imagens do vídeo mostram os moradores carregando o corpo de Edilson três minutos após o tiroteio.

Centenas de pessoas permanecia,m no acesso à comunidade sem conseguir voltar para as casas após o protesto que interditou vias de Copacabana no início desta noite. Segundo eles, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) estaria realizando uma operação na favela. As ruas foram interditadas pelos manifestantes com barricadas de pneus e entulho.

O trecho da Avenida Nossa Senhora de Copacabana próximo à favela foi inteditado para a ação policial de repressão à manifestação. O túnel da Rua Sá Ferreira ficou fechado ao trânsito. A entrada da estação do Metrô da Rua Sá Ferreira também teve que ser fechada por medidas de segurança. 

MP deve denunciar policial indiciado por morte do dançarino DG em até 30 dias

A 15ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal, do Ministério Público do Rio, recebeu na tarde desta quarta-feira o inquérito sobre a morte do dançarino do 'Esquenta' Douglas Rafael Pereira Silva, o DG. O inquérito conduzido pela 13ª DP (Ipanema) concluiu que o tiro saiu da arma do policial militar Walter Saldanha Correa Junior, que foi indiciado e responderá por homicídio. A investigação também pede sua prisão preventiva.

DG levou um tiro nas costas durante ação policial no Pavão-Pavãozinho

DG levou um tiro nas costas durante ação policial no Pavão-PavãozinhoReprodução

De acordo com o MP, como o policial está solto, o prazo para a sua denúncia é de 30 dias, mas a decisão pode sair antes deste prazo. O inquérito já começou a ser analisado pela promotoria. Além de Walter, outros seis PMs vão responder por falso testemunho e prevaricação. Outros dois policiais foram inocentados.

De acordo com o laudo da necropsia, o projétil que atingiu DG nas costas entrou de baixo para cima. O tiro destruiu o pulmão e saiu perto do ombro, o que provocou hemorragia interna. O laudo atestou que a causa da morte foi ‘laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax.’

O dançarino foi ferido, segundo a investigação, quando saltava de uma laje para o beiral de um prédio. Mesmo ferido, ele percorreu uma distância grande, passando sobre telhados de casas, até cair em um corredor nos fundos de uma creche, onde morreu. As fotos dos laudos ainda apontam que a vítima foi encontrada com os documentos no bolso, mas a camisa estava vestida pelo avesso.

Ele também estaria com a peça de roupa e os documentos umedecidos, sinal de que realmente pulou uma caixa d’água que estava com a tampa aberta.

Mãe de DG contesta laudo

A mãe do dançarino de DG se mostrou aliviada com o fim do inquérito policial da 13ª DP (Ipanema). Apesar disso, Maria de Fátima Silva disse discordar da Perícia da Polícia Civil, como mostrou o RJTV, mesmo com a confirmação de que a bala que matou DG saiu da arma de um policial militar.

"Acho que ele foi plantado ali naquele corredor. Meu filho foi morto com um tiro à queima roupa", afirmou Maria de Fátima.

Ela contou estar feliz porque o filho "passou da condição de marginal à vítima", mas, pediu que o Ministério Público do Rio (MPRJ) anexe laudo de perito particular contratado por ela às investigações.

Em depoimento à polícia, o soldado Walter contou que a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) recebeu denúncia de que o chefe do tráfico local, Adauto do Nascimento Gonçalves, o Pitbull, estaria no teleférico. O PM disse que, cerca de 2h30 depois da denúncia, estava em patrulhamento com colegas pela comunidade quando começou um tiroteio com traficantes na quadra de esportes. O grupo contava com nove PMs: três deles entraram num prédio de cinco andares, e os outros seis, ficaram na rua. Entre esses, o soldado Walter Júnior.




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