Por bferreira

Rio - Uma manifestação convocada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) reuniu entre 5 e 6 mil pessoas, na tarde desta sexta-feira, na Cinelândia, em defesa da Petrobras. Segundo a Polícia Militar, pelo menos 4 mil pessoas estiveram presentes ao ato, que contou também com estudantes, representantes de partidos políticos como PT, PSB e PCdoB, além de muitos petroleiros.

Passeata reuniu cerca de 6 mil pessoasSeguidora %40Mariliamas

Um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, encerrou os discursos com uma intimação à presidenta Dilma Rousseff. Prevendo uma luta de classes nas ruas das grandes capitais ao longo do ano, Stédile chamou a presidenta para se juntar aos trabalhadores.

“Dona Dilma, saia do palácio e venha para as ruas ouvir este povo que ansia por mudanças. É hora de ir para a rua disputar ideias porque a política é feita assim, de disputa de ideias. O povo não tem maioria nos tribunais e no congresso, mas tem nas ruas”, disse Stédile.

Ato em defesa da Petrobras e pró-Dilma Rousseff levou cerca de cinco mil manifestantes em passeata pelas ruas do Centro do Rio André Mourão / Agência O Dia

O líder do MST também defendeu a reforma política como antídoto contra a corrupção, mas duvidou que ela seja aprovada no Congresso Nacional. Stédile pediu uma nova Assembleia Constituinte.

“A resposta para a crise seria uma reforma política, mas ela nunca vai acontecer neste congresso onde há 47 indiciados por corrupção, entre eles o presidente da Câmara (Eduardo Cunha) e do Senao (Renan Calheiros). É preciso uma nova Constituinte” disse Stédile.

Funcionário da Petrobras há mais de 20 anos, José Carlos Macedo fez questão de ir ao ato, mesmo não sendo simpatizante do governo Dilma Rousseff. Definindo-se como militante da democracia, ele pediu punição aos corruptos e retomada dos investimentos na empresa.

“Se a Petrobras descobriu o pré-sal foi porque o governo atual investiu em pesquisa e tecnologia. Valorizou a empresa que é símbolo do Brasil. Temos que punir os corruptos, não a empresa. Punir a Petrobras é punir o Brasil”, disse Macedo.

Também funcionário da empresa, Marcelo Soares da Costa, de 47 anos, disse ter ido ao ato por estar preocupado com o futuro da companhia com este racha político entre PT e PSDB.

“Felizmente podemos discutir a Petrobras. E isso só acontece porque ela é pública. Então, podemos curar as feridas e estancar os rombos. Se privatizarmos a empresa, não haverá mais discussão, só desemprego. E a roubalheira vai continuar, ou alguém acha que em empresa privada não te isso?”, questionou o petroleiro.

Aulão de História na Praça do Méier

Uma grande aula sobre o que aconteceu há algumas décadas no país, em plena praça, para recordar os prejuízos causados pelo regime militar que vigorou de 1964 a 1985. Essa é a proposta do “Aulão de História Política Recente do Brasil”, que será dada neste domingo na Praça Agripino Grieco, na esquina das ruas Dias da Cruz e Silva Rabelo, no Méier, a partir das 18h.

O objetivo é alertar para um possível ataque ao Estado de Direito, caso se concretize a proposta dos que pedem o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O “aulão” será ministrado por vários professores de História e depois haverá um debate sobre o assunto com a plateia.

O evento é organizado por grupos de ativismo cultural e político do bairro, como Leão Etíope do Méier e Conversas. “Esperamos um público com a mente aberta e disposição para discordar, debater e aprender”, diz Pedro Rajão, idealizador do “aulão”, que terá entres os convidados o professor Wolney Malafaia, do Colégio Pedro II.

Depois das aulas e do debate, será exibido num telão o filme “Batismo de Sangue”, de Helvécio Ratton, que mostra o sofrimento imposto pelo governo militar a Frei Tito, que acabou se suicidando.

'Vou levar ao ato uma penca de eleitores'

O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que na quinta-feira passada protocolou o pedido de impeachment da presidenta Dilma Roussef na Câmara dos Deputados, passou o dia ontem usando seu o perfil na rede social Facebook para convocar eleitores para os protestos deste domingo.

Em entrevista ao DIA, ele diz que “está na hora de o povo dar um basta nas mentiras do governo”, garante que vai para as ruas também e que espera que seus quase 1,2 milhão de internautas seguidores façam o mesmo.

1. O que o motivou a pedir o impeachment da presidenta por improbidade administrativa?

— Na verdade, um conjunto de situações. O governo atual já perdeu a moral há muito tempo. São escândalos atrás de escândalos, principalmente em relação aos desvios milionários de recursos públicos, como os da Petrobras. Ela (Dilma Roussef) não tomou providências para coibir essa roubalheira. Foi conivente. E, portanto, é culpada.

2. O senhor acha realmente que seu pedido de impeachment possa destituir a presidenta Dilma Rousseff do cargo?

— Tenho a consciência que não, pelo menos no primeiro momento. Mas será a primeira chacoalhada no ‘pé de jaca’. Com essa primeira chacoalhada, ela não vai cair, mas virão outras. A comandante (referindo-se a Dilma) já perdeu a guerra e tem que sair, pelo bem da nação. A bola agora está com o Cunha (Eduardo Cunha , PMDB-RJ, presidente da Câmara,que vai analisar o pedido apresentado por Bolsonaro)

3. Mas não há provas ainda da participação da presidenta...

— Olha só. Por muito menos, o Fernando Collor (primeiro presidente alvo de processo de cassação da história, em 1992, e hoje senador) foi retirado pelo povo do poder. As justificativas que tiraram a presidência de Collor naquela época são fichinhas hoje perante ao atual governo.

O mandato de Dilma e o PT mergulharam em sucessivas mentiras e em crimes gravíssimos contra a nação, onde a corrupção impera. Como dizem alguns juristas, a presidenta pode até não ter cometido dolo na destruição da Petrobras, mas a sua culpa já está suficientemente provada para caracterizar improbidade administrativa.

4. O senhor vai à passeata amanhã? Fará discurso?

— Hoje (esta sexta-feira) estou em casa, mobilizando meus eleitores pela internet. Amanhã às 8h estarei na esquina das avenidas Afrânio de Melo Franco com Delfim Moreira, no Leblon. De lá, vou para o Posto 5, em Copacabana.

Hoje (no fim da tarde desta sexta-feira), 400 eleitores meus já confirmaram presença no ato. Espero levar uma penca deles comigo. Eu não pretendo fazer discursos não. Acho que mais importante é a presença na manifestação, que é legítima e deve ser pacífica.


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