Por bianca.lobianco

Rio - Na tentativa de coibir a onda assaltos e sequestros nos shoppings, empresários do setor vão recorrer a drones (zangão, em inglês), pequenos aparelhos aéreos controlados eletronicamente para reforçar a segurança. Eles têm capacidade de fotografar e filmar ambientes, inclusive à noite.

Segundo representantes dos centros comerciais, a intenção é detectar ações de bandidos para que vigias e a Polícia Militar sejam acionadas imediatamente. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que no ano passado 3.665 estabelecimentos comerciais foram assaltados, 661 a mais que em 2013.

Segundo Fernando Fonseca, um dos donos da Drone Imagens, que tem 12 clientes no ramo do comércio, firmas de segurança patrimonial que prestam serviços aos 37 shoppings da capital, já pediram orçamentos para uso de drones nas áreas externas e internas.

Os drones captam imagens até de noite e as repassam à polícia e à segurança patrimonial dos shoppingsDrone Imagens

Esse tipo de tecnologia já é usada em centros comerciais de São Paulo e Goiás. “Estamos traçando planos de segurança conforme a característica de cada shopping. Os equipamentos podem captar, com nitidez, imagens de pessoas suspeitas e objetos, como armas, de até dois mil metros de altura, através de tablets ou computadores, conforme planos de voos para cada local”, revela Fonseca, que não informa os novos dos shoppings.

Uma diária para a captação de imagens aéreas pelo aparelho pode custar de R$ 1,5 mil a R$ 6,8 mil, dependendo do tipo de drone, das câmeras e do risco ao equipamento.

O Shopping Nova América teve uma de suas lojas, a Carioca FC, no segundo piso, invadida às 16h30, no dia 4, por um assaltante armado. Ele roubou malotes contendo dinheiro e ingressos de uma partida do campeonato estadual de futebol. O estabelecimento admitiu, em nota, que “o uso de tecnologia, como drones, está em estudo, e que o orçamento em segurança cresceu 10% no último ano”.

No fim do ano passado, quando o Nova América usou drones para fotografar e filmar os enfeites de Natal de sua fachada, testes do aparelho na segurança começaram a ser feitos.

Em nota, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), entidade que representa o setor, esclarece que os shoppings vêm investindo em relação ao auxílio de novas tecnologias para ajudar a polícia na prevenção e solução de crimes. Mas ressalva que “as empresas de segurança patrimonial não substituem o Estado no papel de prestador de serviços de Segurança”.

Desde o ano passado a Sonae Sierra, que administra diversos shoppings no país, começou a testar os pequenos aviões não tripulados na segurança das unidades Passeio das Águas, em Goiânia, e no Parque Dom Pedro Shopping, em Campinas.

Ataques levam Procon a autuar estabelecimentos

Os sucessivos ataques de bandidos no interior de shoppings do Rio levaram o Procon estadual, pela primeira vez na história, a autuar os estabelecimentos por falta de segurança. Nas últimas semanas, três deles — Barra Shopping, da Gávea e Carrefour da Barra — cujos clientes foram vítimas de sequestros-relâmpago dentro das propriedades, foram notificados pelo órgão.

Segundo o presidente do Procon, João Oliveira, os shoppings têm prazo de 15 dias para apresentar defesa. Depois disso, poderão receber multas entre R$ 1.084, 76 e R$ 7 milhões.

A Abrasce argumenta que segurança é compartilhada com o Estado, mas em crimes de maior potencial, é de responsabilidade maior do governo. “Isso é inadmissível. O artigo 6º do Código do Consumidor determina que é direito básico do consumidor a proteção à vida, à saúde e à segurança contra riscos provocados por práticas no fornecimentos de produtos e serviços”, alega Oliveira.

Denúncias ao Procon podem ser feitos pelo telefone 151 ou pela internet.

Imagem percorre 2 km

Os drones, apelidados também de espiões voadores, são brinquedinhos caros. Cada aparelho pode custar, dependendo do tipo de tecnologia que usa, de R$ 4,5 mil a R$ 35 mil.
Eles têm autonomia de voo relativamente curta, de aproximadamente 20 minutos. Depois desse período, as baterias têm que ser recarregadas.

Por outro lado, eles dão um banho de tecnologia.Sem interferências e áreas de sombra, os sinais de rádio e vídeo podem chegar com nitidez à distância de até dois quilômetros.

Embora os drones possam voar por GPS a até dois mil metros de altura, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determina que os voos não podem ultrapassar a altitude máxima de 300 metros — assim como os aeromodelos orientados por controle remoto. Ainda não há uma regulamentação específica para drones no Brasil, mas os equipamentos devem ser registrados no Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).

“Para a vigilância de estacionamentos de shoppings e até mesmo no interior dos estabelecimentos, seu uso é perfeito. Os aparelhos, que têm que ser homologados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), se deslocam com muita rapidez e captam imagens em locais de difícil acesso, como em cima de telhados, sem serem percebidos. Uma vez alertadas por quem está controlando o drone, a polícia e a segurança patrimonial podem fazer um cerco com maior rapidez ao suspeito”, garante Fernando Fonseca, dono da Drone Imagens.

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