Rio - Criados em 2011 com pompa e circunstância para fomentar a sustentabilidade e gerar empregos em comunidades pacificadas, quatro projetos da Secretaria estadual do Ambiente, que somados custaram mais de R$ 10 milhões aos cofres públicos e empregam mais de cem pessoas, serão suspensos. Educadores e centenas de alunos temem pela extinção da Fábrica Verde, Ecomoda, Ecobuffet e Comunidades Verdes pouco após a troca de comando da pasta.

Incertos quanto ao futuro, profissionais dos 44 núcleos estabelecidos em favelas que contam com Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) pedem para que os maquinários não sejam recolhidos pela Secretaria e possam continuar a operar. De acordo com a assessoria do secretário André Corrêa, a centralização de recursos, antes feita pela Uerj, será suspensa provisoriamente por orientação da Procuradoria. Até que uma nova licitação seja vencida, o destino é incerto.
“Não apresentaram aos principais interessados qualquer justificativa para a interrupção dos serviços. Apenas pediram a devolução do maquinário. Se os projetos não voltarem, perderemos nosso ganha-pão e nem poderemos trabalhar como costureiras”, lamentou Cíntia Luna, coordenadora do Ecomoda, no Morro do Fogueteiro, em Santa Teresa.
Corrêa, por sua vez, garantiu a volta dos trabalhos e o aproveitamento dos equipamentos. “Os bens são de propriedade do estado. A intenção da secretaria é retomar os projetos. Em outros lugares, estamos fazendo termo de responsabilidade de guarda, até a retomada dos projetos”, explicou. Contudo, ainda não há previsão de volta dos serviços.
Idealizador do projeto e antecessor de Corrêa, o deputado estadual Carlos Minc (PT) lamenta a interrupção das atividades e acredita que a mudança poderia ser feita de forma mais suave. “Mais de nove mil jovens aprenderam ofícios nos projetos, que têm custos baixos e foram premiados internacionalmente. A transição poderia ser gradual, já que ao interrompê-los, acaba também afetando a metodologia. Em tempos nos quais se debate os serviços sociais complementares ao trabalho da polícia nas UPPs, eis uma grande baixa”, disse ele, que não contestou a troca de gestão feita pelo novo secretário. Os salários mais altos pagos aos funcionários giram em torno de R$ 2.400.
A Fábrica Verde transforma lixo eletrônico em inclusão digital. Alunos são capacitados em manutenção e montagem de computadores. O Ecomoda oferece capacitação nas áreas de indumentária. O Comunidades Verdes capacita em técnicas de revestimento vegetal de construções; e o Ecobuffet é uma cooperativa de bufê sustentável. Educadores da Uerj supervisionavam os cursos.