Por bianca.lobianco

Rio - Criados em 2011 com pompa e circunstância para fomentar a sustentabilidade e gerar empregos em comunidades pacificadas, quatro projetos da Secretaria estadual do Ambiente, que somados custaram mais de R$ 10 milhões aos cofres públicos e empregam mais de cem pessoas, serão suspensos. Educadores e centenas de alunos temem pela extinção da Fábrica Verde, Ecomoda, Ecobuffet e Comunidades Verdes pouco após a troca de comando da pasta.

O Ecomoda capacita costureiras%2C no Fogueteiro%3A centralização de recursos será suspensa provisoriamente por orientação da ProcuradoriaGabriel Sabóia / Agência O Dia

Incertos quanto ao futuro, profissionais dos 44 núcleos estabelecidos em favelas que contam com Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) pedem para que os maquinários não sejam recolhidos pela Secretaria e possam continuar a operar. De acordo com a assessoria do secretário André Corrêa, a centralização de recursos, antes feita pela Uerj, será suspensa provisoriamente por orientação da Procuradoria. Até que uma nova licitação seja vencida, o destino é incerto.

“Não apresentaram aos principais interessados qualquer justificativa para a interrupção dos serviços. Apenas pediram a devolução do maquinário. Se os projetos não voltarem, perderemos nosso ganha-pão e nem poderemos trabalhar como costureiras”, lamentou Cíntia Luna, coordenadora do Ecomoda, no Morro do Fogueteiro, em Santa Teresa.

Corrêa, por sua vez, garantiu a volta dos trabalhos e o aproveitamento dos equipamentos. “Os bens são de propriedade do estado. A intenção da secretaria é retomar os projetos. Em outros lugares, estamos fazendo termo de responsabilidade de guarda, até a retomada dos projetos”, explicou. Contudo, ainda não há previsão de volta dos serviços.

Idealizador do projeto e antecessor de Corrêa, o deputado estadual Carlos Minc (PT) lamenta a interrupção das atividades e acredita que a mudança poderia ser feita de forma mais suave. “Mais de nove mil jovens aprenderam ofícios nos projetos, que têm custos baixos e foram premiados internacionalmente. A transição poderia ser gradual, já que ao interrompê-los, acaba também afetando a metodologia. Em tempos nos quais se debate os serviços sociais complementares ao trabalho da polícia nas UPPs, eis uma grande baixa”, disse ele, que não contestou a troca de gestão feita pelo novo secretário. Os salários mais altos pagos aos funcionários giram em torno de R$ 2.400.

A Fábrica Verde transforma lixo eletrônico em inclusão digital. Alunos são capacitados em manutenção e montagem de computadores. O Ecomoda oferece capacitação nas áreas de indumentária. O Comunidades Verdes capacita em técnicas de revestimento vegetal de construções; e o Ecobuffet é uma cooperativa de bufê sustentável. Educadores da Uerj supervisionavam os cursos.

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